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Discursos do sindicalismo sobre a reforma trabalhista: uma análise das justificações e crenças das Centrais Sindicais
Autor
Bevilaqua, Vinicius Foletto
Resumen
o objetivo do artigo é analisar as justificações e crenças dos representantes dosetor sindical brasileiro lançadas à reforma trabalhista de 2017. Para analisar as justificações e as crenças, o recorte do artigo direciona-se para a esfera legislativa brasileira, especificamente concentrando-se nas audiências públicas realizadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A partir da teoria das justificações de Boltanski, Chiapello e Thévenot e da teoria das coalizões de defesa de Sabatier, problematizam-se quais as cités e crenças mobilizadas pelas centrais sindicais nos momentos críticos da esfera legislativa com relação à reforma trabalhista? Para a finalidade dessa proposta, a pesquisa se desenvolvecom base na análise de documentos, a partir das notas taquigráficas das audiências públicas desdobradas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Os registros de duas audiências públicas foram analisados. Como resultados, identificaram-se que as justificações produzidas pelas centrais sindicais gravitam em torno de discursos políticos fundados em princípios cívicos normativos como solidariedade, vontade geral e democracia, enquanto mobilizavam crenças voltadas a projetos de desenvolvimento com a valorização do trabalho, fortalecimento da política industrial, geração de empregos a partir de políticas de incentivo estatal à indústria, intervenção do Estado na economia e participação ampla da sociedade civil nas decisões coletivas. Aponta-se que os discursos políticos das centrais sindicais perpassam a cité cívica e, secundariamente, a cité industrial, evidenciando que as justificações e crenças mobilizadas fazem parte do repertório gramatical histórico do sindicalismo brasileiro voltado ao trabalho como forma de aspiração à cidadania.