Tesis
Cultura organizacional e agência de princípios : narrativas de servidores públicos da Câmara dos Deputados
Fecha
2021-01-25Registro en:
LIMA, Ana Marusia Pinheiro. Cultura organizacional e agência de princípios: narrativas de servidores públicos da Câmara dos Deputados. 2020. 387 f., il. Tese (Doutorado em Ciência Política)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Lima, Ana Marusia Pinheiro
Institución
Resumen
Este trabalho procura analisar o impacto da cultura organizacional de um órgão público
no modo de perceber, sentir e agir dos seus servidores, em relação a “fazerem a diferença”
por meio de soluções de impacto coletivo. O lócus da pesquisa é a Câmara dos Deputados,
órgão do Poder Legislativo, cujas regras e recursos disponíveis (estrutura), em distintas
dimensões temporais, dão ao engajamento (agência) dos atores um contorno diferenciado.
A comparação de quatro setores evidencia a complexidade da Casa, em subculturas e
diferentes problemas a resolver. Para a Consultoria Legislativa, viabilizar a política
tecnicamente; para a Secretaria de Comunicação Social, balancear o lado do emissor
(organização e deputados) com o do receptor (públicos); para a Secretaria de Controle
Interno, controlar e estimular os gestores, ao mesmo tempo em que é controlada; para a
Diretoria Geral, gerir um orçamento bilionário com recursos cada vez mais escassos. O
marco conceitual da análise tem o suporte das teorias do pragmatismo, do interacionismo
simbólico, da sociologia relacional e da psicologia social. Por ele e pelos artefatos
culturais do mundo social pesquisado (entrevistas, documentos e observação participante,
com foco nas narrativas), conclui-se que, a despeito (ou por causa) das dissonâncias
estruturais e individuais, das quebras de expectativa e rupturas, e de forma independente
das relações principal-agente, alguns atores se engajam em torno de dois aspectos
culturais construídos na interação dentro da organização: a identidade coletiva do
“servidor da Câmara” e uma ideia central, propagada pelos seus líderes desde 1960: a
importância do convívio dos diferentes e da inovação, ou seja, a própria democracia em
permanente construção como a “coisa certa” a fazer. São “agentes de princípios”, bem
distintos dos burocratas inertes ou egocêntricos da teoria principal-agente, dos críticos do
serviço público e da “não-identidade” da qual buscam se desvencilhar.