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Percepção da imagem corporal em pessoas com amputação de membros inferiores : perspectivas e desafios para a psicologia da reabilitação
Fecha
2021-02-19Registro en:
NAVES, Juliana Fákir. Percepção da imagem corporal em pessoas com amputação de membros inferiores: perspectivas e desafios para a psicologia da reabilitação. 2020. 244 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Naves, Juliana Fákir
Institución
Resumen
Fatores como etiologia, nível de amputação, dor, ansiedade e transtornos de humor podem influenciar a percepção do indivíduo da sua imagem corporal e qualidade de vida. Deste modo, esta pesquisa buscou analisar a percepção da imagem corporal em pessoas submetidas à amputação de membros inferiores, identificando fatores preditivos para uma apreciação positiva, além da compreensão de outros aspectos psicológicos presentes na experiência da amputação, como qualidade de vida, depressão, ansiedade e ajustamento psicológico. Trata-se de um estudo de delineamento transversal, com adultos amputados de membro inferior em acompanhamento na Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação, em Brasília. Os participantes foram organizados entre grupos experimental e controle, com pessoas protetizadas e sem prótese, respectivamente. Propôs-se o uso das versões em língua portuguesa dos intrumentos Amputee Body Image Scale (ABIS), Body Image Quality of Life Inventory (BIQLI), Questionário Genérico de Avaliação da Qualidade de Vida - SF-36, Trinity Amputation and Prosthesis Experience Scales (TAPES), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), além de questionário sociodemográfico. O Grupo Experimental foi constituído por 64 pacientes, predominantemente homens (62,50%), solteiros (53,13%), com idade média de 36,1 anos (DP = 14,51) e tempo médio de amputação de 13,5 anos (DP = 14,51). A maioria sofreu amputação traumática (42%) ou por tumores (30%). Entre os protetizados, os escores demonstraram imagem corporal positiva, em especial nos participantes do sexo masculino, com maior nível de escolaridade, casados, mais jovens e com mais tempo de amputação. Embora tenham sido evidenciadas menores taxas de ansiedade e depressão em comparação a outros trabalhos na área, as taxas são superiores para a população brasileira em geral e se mostraram associados à distúrbios da imagem corporal. Pior avaliação da imagem corporal e níveis mais elevados de ansiedade foram observados em pessoas sem prótese (17 participantes), destacando a importância do dispositivo e do apoio da equipe interdisciplinar. Foram encontradas diferenças significativas na frequência de comportamentos evitativos entre pessoas com e sem prótese, em especial em questões sobre relacionamento social, emoções, sexualidade e atividade física. Houve percepção mais satisfatória dos componenetes mentais da qualidade de vida, aliados à boa avaliação dos aspectos sociais, do estado geral de saúde e da saúde mental, em detrimento aos aspectos físicos, ressaltando a relevância da abordagem psicológica. Destaca-se que 48,44% das pessoas em reabilitação estavam desempregadas, índice menor ao dos que não usavam prótese (88,23%). Verificou-se melhor ajustamento geral e social em comparação ao ajustamento à limitação. O uso de prótese imediata foi considerado como um preditor significativo para o ajustamento geral. Recomenda-se programas sistematizados com a participação familiar para a orientação e o suporte psicológico. Sugere-se avaliação longitudinal da imagem corporal, considerando o modelo sociocognitivo, o qual contempla fatores pessoais, clínicos, psicológicos, ambientais e contextuais. Ressalta-se como limitação deste estudo a amostra reduzida principalmente do grupo de pessoas sem prótese.