Tesis
Avaliação do papel dos receptores de reconhecimento de padrões Dectina-2 e Dectina-3 na infecção experimental por Paracoccidioides brasiliensis
Fecha
2020-02-04Registro en:
MIGUEL, Mariana de Resende Damas Cardoso. Avaliação do papel dos receptores de reconhecimento de padrões Dectina-2 e Dectina-3 na infecção experimental por Paracoccidioides brasiliensis. 2019. 106 f., il. Tese (Doutorado em Biologia Microbiana)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Miguel, Mariana de Resende Damas Cardoso
Institución
Resumen
A paracoccidioidomicose (PCM) é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico do
gênero Paracoccidioides spp., podendo afetar tanto indivíduos imunocomprometidos como
aqueles imunocompetentes. A PCM tem alta incidência em países da América Latina,
principalmente no Brasil. O perfil de resposta Th1 está associado a uma maior proteção contra
o P. brasiliensis e o envolvimento de células da resposta imune inata é essencial para o
direcionamento dessa resposta. Receptores de Reconhecimento Padrão (PRRs) são importantes
para o reconhecimento inicial de patógenos, e lectinas do tipo C, um tipo de PRR, são cruciais
no reconhecimento de fungos. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o papel
dos receptores Dectina-2 e Dectina-3 na infecção por P. brasiliensis. Células dendríticas
derivadas de medula óssea (BMDCs) e macrófagos derivados de medula óssea (BMDMs) de
linhagens de camundongos do tipo selvagem e deficientes de cada receptor foram infectadas
por P. brasiliensis para as análises in vitro. Para a verificação de resposta in vivo, camundongos
selvagens e deficientes de Dectina-2 ou Dectina-3 foram infectados pelo fungo para a
averiguação de suas sobrevivências. Por fim, infectou-se novamente os animais deficientes de
Dectina-2 para coleta de órgãos e análise de UFC, histopatologia e citocinas. Fagócitos
deficientes de Dectina-2 produziram significativamente menor quantidade de citocinas (TNF-
α, IL-6, IL-1β e IL-10) em em comparação com os selvagens e BMDMs deficientes
apresentaram menor capacidade fagocítica e fungicida. Não houve detecção de atividade
complementar entre os receptores estudados. Linfócitos T selvagens cultivados com BMDCs
deficientes de Dectina-2 produziram menores quantidades de IFN-γ e maiores quantidades de
IL-13, demonstrando a relevância de Dectina-2 na indução de resposta imune protetora contra
P. brasiliensis em modelos de infecção in vitro. Os animais deficientes de Dectina-2
apresentaram menor produção de citocinas pró-inflamatórias e maior produção daquelas
reguladoras, fazendo com que houvesse maior detecção de UFC em seus pulmões e resultando
em uma sobrevivência significativamente afetada. Por sua vez, as células deficientes de
Dectina-3 não apresentaram diferença significativa de produção de citocinas, expressão de
moléculas co-estimulatórias, fagocitose e atividade fungicida em relação ao controle. Além
disso, os camundongos infectados deficientes do receptor não apresentaram maior
susceptibilidade diante da infecção por P. brasiliesis. Em conjunto, tais resultados indicam que
Dectina-2 – e não Dectina 3 - desempenha um importante papel na indução de resposta imune
protetora contra P. brasiliensis.