Tesis
Efeito da inflamação sistêmica na qualidade do sêmen de pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise : análise dos níveis de ferritina e transferrina seminal
Fecha
2018-08-17Registro en:
SILVA, Gilmar Pereira. Efeito da inflamação sistêmica na qualidade do sêmen de pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise: análise dos níveis de ferritina e transferrina seminal. 2018. [94] f., il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Silva, Gilmar Pereira
Institución
Resumen
Introdução: a disfunção gonadal instala-se no curso de muitas doenças agudas ou crônicas como resultado da ação de toxinas endógenas ou exógenas, processos inflamatórios e oxidativo agudos ou crônicos. A disfunção gonadal promove alterações nos níveis de hormônios sexuais e na qualidade seminal, manifestando-se clinicamente por alterações de fertilidade (sub/infertilidade). Mesmo não se encontrado estudos que avaliem o percentual de portadores de doença renal crônica hemodialítica no sexo masculino com alterações na qualidade seminal, admite-se que não seja desprezível o percentual daqueles com alterações importantes de qualidade seminal manifestada por oligospermia, teratospermia e azoospermia. Os estudos até então existentes atribuem estas alterações neste grupo de doentes predominantemente a fatores urêmicos e oxidativo comumente associados aos mesmos. Considerando que cerca de 40-60% dos doentes renais crônicos em hemodiálise apresentam processo inflamatório sistêmico crônico, resolveu-se verificar se inflamação sistêmica interfere nos níveis de ferritina seminal (Fts) e transferrina seminal (Tfs) e se estas estão associadas aos parâmetros seminais(PS) e índice de fertilidade(IF), considerando a possível propriedade antioxidativa atribuída a estas proteínas. Metodologia: estudo transversal realizado no Setor de Hemodiálise do Hospital Universitário da Universidade de Brasília entre julho de 2016 e dezembro de 2016 em homens com idade entre 18 e 60 anos, sem hepatopatia aguda ou crônica e eugonádicos. Aqueles com diagnóstico de hemocromatose ou doenças do metabolismo do ferro foram excluídos. Amostra composta de 60 casos de doença renal hemodialítica crônica subdividida em três subgrupos de acordo com o nível sérico de proteína C-reativa (PCR) ultra-sensível: grupo 1 ("com inflamação" n = 30, CRP> 5 ng / ml), grupo 2 (sem inflamação, n = 30, PCR ≤ 5ng / ml), grupo 3 (grupo 1 + grupo 2) e grupo 4 (controle saudáveis, n = 30, PCR ≤ 1 ng / ml). Foram utilizadas amostras de sangue e colheita de esperma para analisar os parâmetros bioquímicos e hematológicos (ureia, creatinina, frações de albumina, globulina e hemograma completo), parâmetros hormonais (hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (HL), testosterona total (TT), prolactina (PRL), Fts e Tfs, PCR sérica, parâmetro seminal (espermograma - método manual), cálculo de IF e preparação de fluido seminal por centrifugação. Resultados: parâmetros hematológicos e bioquímicos (hemoglobina, ureia, creatinina e albumina); PS; parâmetros hormonais (FSH, LH, TT e PRL); IF e Tfs foram significativamente menores no grupo 3 que no grupo 4. Não houve diferenças significativas para variáveis idade, globulina e Fts. O fator inflamatório analisado isoladamente parece não interferir nos subgrupos casos (grupos 1 e 2), mas houve diferenças significativas (P<0,05) encontrados entre grupos 3 e 4 para as variáveis (parâmetros bioquímicos, seminal, hormonal, IF e Tfs). A Fts não se correlacionou (p>0,05) com IF, PS, FSH, TT e Tfs, independentemente do status inflamatório. A Tfs correlacionou-se positivamente (p≤0,001), independente do status inflamatório, com IF e parâmetros seminais, exceto a morfologia espermática no grupo sem inflamação (r=0,272; p=0,146) e hormônios. A PCR correlacionou-se com Fts e motilidade espermática no grupo sem inflamação. Conclusões: sendo a inflamação sistêmica crônica prevalente nos pacientes renais crônicos, o presente estudo tem sua importância por ser o primeiro a verificar o possível efeito do fator inflamatório, definido pelos níveis de PCR sérica, sobre a qualidade seminal, considerando que estudos prévios atribuem estas alterações predominantemente a fatores uréticos, oxidativos e hormonais. Os resultados aqui obtidos sugerem que a inflamação sistêmica parece não interferir significativamente nos níveis de ferritina/transferrina seminal. Mas a transferrina seminal parece útil na avaliação inicial destes pacientes com suspeita de infertilidade por alteração na qualidade seminal por se mostrar associada a todos os parâmetros seminais e índice de fertilidade.