Tesis
O comportamento reprodutivo do tiziu (Volatinia jacarina) sob risco de predação
Fecha
2018-10-22Registro en:
MORAES, Pedro Zurvaino Palmeira Melo Rosa de. O comportamento reprodutivo do tiziu (Volatinia jacarina) sob risco de predação. 2018. x, 121 f., il. Tese (Doutorado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Moraes, Pedro Zurvaino Palmeira Melo Rosa de
Institución
Resumen
Dentre as pressões seletivas que podem influenciar a evolução de diferentes estratégias comportamentais, o risco de predação pode ser considerado uma das mais importantes por potencialmente ceifar as oportunidades futuras de aptidão de um animal. Diversos estudos com os mais variados táxons já demonstraram a plasticidade comportamental que animais apresentam em suas estratégias reprodutivas sob risco de predação. Predadores podem influenciar, por exemplo: as estratégias de busca e atração de parceiros apresentadas por machos, o padrão de escolha de parceiros por fêmeas e o cuidado parental realizado por ambos. Embora estes efeitos do risco de predação na reprodução sejam bem conhecidos, não há muitos estudos que utilizem aves neotropicais como modelos. Além das plumagens e displays conspícuos exibidos por estas aves, elas vivem em ambientes com taxas de predação elevadas. Logo, é interessante investigar como estes organismos conseguem se reproduzir de maneira tão conspícua mesmo correndo o risco de atrair predadores e diminuir suas chances de sobrevivência. Os machos de tiziu (Volatinia jacarina), por exemplo, apresentam um display sexual composto por saltos, canto e exibição de plumagem ornamentada. Além disso, os ninhos dessa espécie sofrem altas taxas de predação e estudos passados com o tiziu já demonstraram que a exibição sexual de machos pode atrair predadores para o ninho. Mas nenhum trabalho até o momento investigou se e como machos e fêmeas de tiziu modificam suas estratégias reprodutivas de modo a contornar o risco de predação iminente. Esta tese, portanto, objetivou responder perguntas acerca da reprodução do tiziu sob risco de predação. Especificamente, investiguei como predadores influenciam: o comportamento sexual dos machos; a escolha de parceiros pelas fêmeas; e o cuidado parental dedicado aos ninhegos. Experimentos foram executados em condições naturais e em cativeiro onde utilizei playbacks acústicos de aves simpátricas ao tiziu para simular diferentes níveis de risco de predação: predador de adultos, predador de ninhos e controle sem risco. Quanto à execução de displays sexuais, eu observei que machos modificam sua performance de acordo com o risco de predação, mas este interage com a condição individual. Machos mais parasitados e menos ornamentados aumentam a intensidade de seus displays com o aumento do risco de predação, o que pode ser considerado uma estratégia de investimento terminal. Quanto à escolha de parceiros, eu observei que fêmeas são indiferentes aos estímulos dos machos apresentados e este padrão de ausência de escolha foi independente do risco de predação. Aqui, eu discuto como esse resultado pode significar um padrão de seleção indireta de parceiros nesta espécie, através da disputa de machos por territórios. Por fim, eu observei que tizius modificam o cuidado biparental de acordo com o risco de predação. A resposta parental, no entanto, pode ter sido influenciada pelo dicromatismo sexual da espécie: machos, mais conspícuos, diminuem suas atividades no ninho, enquanto fêmeas, mais crípticas, aumentam a duração dos turnos de incubação. Estas estratégias dos sexos podem ter o objetivo comum de diminuir a detectabilidade visual e acústica do ninho por predadores. Estes resultados demonstram as adaptações comportamentais de uma espécie que sobrevive e reproduz em um ambiente com altas taxas de predação, como é o caso da região Neotropical.