Tesis
Ausências e silenciamentos : a ética nas narrativas recentes sobre a ditadura brasileira
Fecha
2017-08-18Registro en:
FREDERICO, Graziele Meire. Ausências e silenciamentos: a ética nas narrativas recentes sobre a ditadura brasileira. 2017. 105 f. Dissertação (Mestrado em Literatura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Frederico, Graziele Meire
Institución
Resumen
Após a promulgação da Lei nº 12.258/2011 que instituiu a Comissão Nacional da Verdade no Brasil, houve uma movimentação no mercado editorial com lançamentos de obras acadêmicas, de cunho jornalístico e ficção sobre a ditadura militar no país. Distantes temporalmente dos romances-testemunho e das obras de denúncia publicadas no final dos anos 1970 e durante a década de 1980, esta dissertação escolheu trabalhar com romances lançados em sua maioria, a partir dos anos 2000. A única exceção é o livro Amores exilados (2011) de Godofredo de Oliveira Neto que fora publicado anteriormente, com o título Pedaço de santo, em 1997. Na tentativa de entender como os romances tratam a temática da ditadura militar, foram selecionadas sete obras consideradas representativas: Não falei (2004) de Beatriz Bracher; Nem tudo é silêncio (2010) de Sonia Regina Bischain; História natural da ditadura (2006) de Teixeira Coelho; K. (2012) de Bernardo Kucinski; Soledad no Recife (2009) de Urariano Mota; Amores exilados (2011) de Godofredo de Oliveira Neto e O punho e a renda (2014) de Edgar Telles Ribeiro. A partir de uma primeira abordagem, tomamos a perspectiva ética proposta por Emmanuel Levinas em seu livro Totalidade e Infinito (1980) sobre a responsabilidade no acolhimento do rosto do Outro a partir de uma visão não reducionista deste pelo Mesmo, para pensar o acolhimento deste Outro nos romances e a presença ou não dessa responsabilidade com a multiplicidade nas narrativas que tratam da ditadura militar brasileira. Diante de uma interpelação ética infinita desta alteridade, conforme propõe Levinas, os romances foram separados em dois grupos: aqueles conformaram ficcionalmente a ditadura militar num passado distante, reduzindo e imobilizando, ao nosso entendimento, a multiplicidade de questões ainda pertinentes sobre o regime opressor; e aqueles que, de diferentes modos, buscaram entendê-la em sua complexidade, mostrando os efeitos, os problemas e as cicatrizes abertas nas heterogêneas camadas da sociedade ainda no presente.