Tesis
Fundos de pensão no Brasil : uma análise desde a crítica da economia política
Fecha
2021-07-26Registro en:
CARAMURU, Thais Soares. Fundos de pensão no Brasil: uma análise desde a crítica da economia política. 2021. 261 f., il. Tese (Doutorado em Política Social)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Caramuru, Thais Soares
Institución
Resumen
Esta tese teve como objetivo geral examinar se, no Brasil, os fundos de pensão estão
configurados para garantir a proteção previdenciária dos segmentos de trabalhadores que
estão vinculados àqueles. Como perspectiva teórico-metodológica adotou-se o
materialismo histórico-dialético. Atribuiu-se relevância aos fundamentos da crítica
marxista da economia política, o que permitiu problematizar o papel sócio-histórico dos
fundos de pensão no cenário contemporâneo da acumulação capitalista, constituído pela
crise e mundialização do capital. Como instrumentais metodológicos, utilizaram-se a
revisão bibliográfica e dados empíricos. Demonstrou-se, por meio da análise, que o
Estado brasileiro é o principal impulsionador da expansão monetária dos fundos de
pensão no país, com destaque para a contrarreforma da previdência social, que abre
espaço para a atuação desses agentes privados. O fundo público impulsiona, diretamente,
o setor, com base nos fundos de empresas estatais e aqueles criados por entes federados.
Esses fundos também são credores do fundo público e se beneficiam do pagamento dos
encargos da dívida, bem como de renúncias tributárias. Verificou-se que o
direcionamento das aplicações dos ativos financeiros se concentra em ações e títulos
públicos e, por meio delas, esses fundos contribuem para a valorização do valor. Por
intermédio do capital acionário, participam de conselhos de administração de empresas e
de processos decisórios que intensificam a exploração da força de trabalho. Por meio dos
títulos públicos, esses investidores institucionais pressionam o ente estatal para a adoção
da política macroeconômica ortodoxa e do ajuste fiscal permanente. Observou-se que os
planos de benefícios são de caráter restritivo, pois subordinam as aposentadorias às
oscilações dos mercados financeiros. Revelou-se que as empresas patrocinadoras são
grandes beneficiárias dos fundos de pensão, pois, além de terem isenções fiscais
garantidas pelo Estado, detêm o controle dos conselhos deliberativos e são protagonistas
do processo decisório acerca das aplicações financeiras desses fundos. O percurso
investigativo contemplou a situação dos trabalhadores prejudicados pelas liquidações
extrajudiciais de fundos brasileiros, as quais ensejaram a perda das poupanças
acumuladas nesses fundos, cujo maior exemplo, no Brasil, foi o caso do Instituto Aerus.
Ademais, problematizaram-se os planos de equacionamentos de déficits, por meio dos
quais trabalhadores dos Correios e da Petrobrás foram chamados a pagar, com
contribuições adicionais que capturam grandes parcelas de seus salários, pelos resultados
negativos das aplicações feitas pelos gestores dos seus fundos. Concluiu-se que esses
fundos são regidos por uma dinâmica de funcionamento predominantemente financeira,
a qual não tem relação com proteção previdenciária, pois beneficia os capitais, as
empresas patrocinadoras e acarreta prejuízos aos trabalhadores.