Tesis
Intervenção nutricional para implementação do Guia Alimentar para a População Brasileira com mobile health entre adolescentes do Distrito Federal
Fecha
2018-04-20Registro en:
CHAGAS, Carolina Martins dos Santos. Intervenção nutricional para implementação do Guia Alimentar para a População Brasileira com mobile health entre adolescentes do Distrito Federal. 2017. 161 f., il. Tese (Doutorado em Nutrição Humana)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Chagas, Carolina Martins dos Santos
Institución
Resumen
Introdução: O Guia Alimentar para a População Brasileira é um instrumento de apoio e incentivo às práticas alimentares saudáveis, adotado como referência para ações de educação alimentar e nutricional. Sua implementação deve utilizar estratégias atuais e inovadoras, como as de mobile health (mHealth), consideradas promissoras para adolescentes. Objetivo: Avaliar uma intervenção nutricional de implementação do Guia Alimentar para a População Brasileira com o uso de ferramenta mHealth entre adolescentes escolares do Distrito Federal. Métodos: O estudo foi realizado em três fases: I) Avaliação das mensagens do Guia Alimentar a partir da interpretação dos adolescentes: estudo qualitativo com 141 adolescentes distribuídos em 32 rodas de conversa, em que foram orientados a elaborar materiais contendo sua interpretação, com linguagem e formato atrativos. Realizou-se análise de conteúdo do material; II) Desenvolvimento da ferramenta mHealth - um jogo digital de cartas - conforme achados da literatura e da fase I e; elaboração dos questionários de autopreenchimento para avaliação de dados sociodemográficos, percepções e práticas alimentares, conhecimento em alimentação e autoeficácia para adoção de práticas saudáveis; III) Intervenção nutricional com o uso do jogo digital, por meio de estudo randomizado, com grupos controle e intervenção, entre adolescentes da 1ª série do ensino médio de escolas privadas do Distrito Federal. Os adolescentes do grupo intervenção foram orientados a usar o jogo desenvolvido, enquanto os do grupo controle não foram orientados a jogar. Os questionários foram aplicados antes e após a intervenção em ambos os grupos, com intervalo aproximado de 1-3 semanas. As variáveis do estudo foram: idade, sexo, renda familiar, escolaridade materna, percepções (pontuações de quão saudável o participante considerava sua alimentação e quanto julga saber sobre o tema) e práticas alimentares (frequência de consumo semanal de marcadores de uma alimentação saudável e não saudável e frequência habitual de realizar o café da manhã, almoçar ou jantar com os pais ou responsáveis e comer enquanto assiste televisão ou estuda), conhecimentos sobre alimentação e autoeficácia para adoção de práticas saudáveis (afirmações para as quais o participante manifestava sua concordância, com respostas em escala do tipo Likert de 5 pontos). Resultados: Na fase I, os participantes enfatizaram a necessidade de mostrar seu protagonismo nos materiais criados. Foram evidenciados três núcleos de sentido, destacando-se: a compreensão das diferentes formulações de alimentos associados a seus impactos na saúde, similar a classificação descrita no Guia Alimentar, com outras terminologias; a caracterização do ambiente como favorável ou não a uma alimentação saudável; a importância de compartilhar a criação de preparações culinárias; e as consequências negativas do consumo de alimentos não saudáveis no bem-estar físico e emocional. Na fase II, foi desenvolvido um jogo digital de cartas denominado “Rango Cards” visando apresentar o conceito de alimentação adequada e saudável com informações simples, em um contexto lúdico e divertido, considerando os achados da literatura e da fase anterior. O jogo tem sete fases e aborda a classificação dos alimentos; práticas saudáveis; valorização do ato de cozinhar; marketing dos alimentos com foco no uso da propaganda enganosa e; importância da leitura dos rótulos para conhecer a composição dos alimentos. A seleção dos temas e o encadeamento das fases visaram propiciar o aprendizado pretendido. Na fase III, a intervenção nutricional incluiu 319 participantes, distribuídos nos grupos controle e intervenção, cuja média de idade foi de 15,8±0,7 anos. Foram observadas reduções significativas no grupo intervenção, em comparação ao controle, para o costume de comer enquanto está assistindo televisão ou estudando (p=0,042) e para a frequência de consumo em restaurantes fast-food (p=0,010). Também alcançaram média de respostas maior no grupo intervenção as afirmações de conhecimento sobre efeitos do consumo de frutas e hortaliças (p=0,033), a confiança que o indivíduo tem sobre sua capacidade de ter uma alimentação com alimentos com pouco sal ou sódio (p=0,032) e de cozinhar pratos saudáveis (p=0,031). Conclusão: É necessário adaptar a linguagem das mensagens do Guia Alimentar para facilitar o entendimento pelos adolescentes, adotando outras terminologias para classificar os alimentos, e ampliar a discussão sobre o conceito da alimentação saudável e adequada, com destaque para o ato de cozinhar. “Rango Cards” mostrou-se uma ferramenta potencialmente capaz de provocar impacto em desfechos de consumo e práticas alimentares e, ainda, em determinantes do comportamento alimentar. Este estudo contribuiu com o desenvolvimento de uma estratégia inovadora de educação alimentar e nutricional voltadas para adolescentes, servindo de referência teórico-metodológica para outras iniciativas educativas que tenham como base ferramentas digitais de promoção da alimentação adequada e saudável.