Tesis
Resistência cultural num espaço "transmaterial" : o significado do Templo para a identidade judaica
Fecha
2019-04-17Registro en:
SILVA, Diego Lopes da. Resistência cultural num espaço "transmaterial": o significado do Templo para a identidade judaica. 2018. xiv, 228 f., il. Tese (Doutorado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Silva, Diego Lopes da
Institución
Resumen
A presente tese trata sobre a forma espacial do Templo como lugar sagrado, e que se tornou ao longo da história do povo um elo cultural em torno das suas práticas religiosas e também de resistência às sucessivas dominações que buscavam impor sua religião e seus costumes ao povo judeu. Os objetivos presentes na pesquisa visam compreender o processo de resistência cultural à dominação helenística e a forma simbólica espacial religiosa do Templo como elemento de coesão social, gerando no judeu o sentimento de pertencimento a sua nação - criação de uma identidade - através da religião e de aversão/resistência à tentativa de mudanças nos costumes religiosos e na ritualística em torno do território religioso sagrado do Templo. Busca-se a partir da ciência geográfica compreender a forma do Templo, como território religioso sagrado que serviu de construção (geo)simbólica de resistência cultural judaica à dominação estrangeira e preservação de sua identidade religiosa. Trabalhar-se-á com a hipótese de que a profanação do Templo e a quebra nos costumes religiosos fizeram com que uma nova espacialidade religiosa fosse gerada no seio do judaísmo; criando-se um espaço "transmaterial" que mantinha o judeu em contato com sua divindade, através da observância dos preceitos éticos e morais da Lei. Entendemos que a relevância da pesquisa está na busca por reconstruir uma espacialidade passada através de fragmentos textuais que nos auxiliam a compreender as camadas de temporalidade presentes no espaço por meio da análise da literatura apocalíptica e do misticismo hekhalot. Propõe-se nesta tese um modo de aproximar os campos científicos da Geografia, História e Ciências da Religião; assim como os subcampos da ciência geográfica especialmente as Geografias da Religião, Histórica e Cultural, que ao interagirem, podem nos fornecer elementos importantes para recriar e interpretar elementos passados que foram negligenciados, compreendendo a importância dos símbolos culturais e a força que exercem nas mentalidades – no caso desta tese, a “mentalidade judaica” (posto que a configuração simbólica de um território ambicionado trouxe, do passado, ecos até a contemporaneidade). Os procedimentos metodológicos estão presentes em quatro aportes distintos, porém que dialogam; tais procedimentos são: o método morfológico de Propp, a dicotomia eliadiana entre sagrado e profano, a hermenêutica proveniente da fenomenologia de Husserl e o método historiográfico heurístico através do paradigma indiciário. Conclui-se que o estudo da Geografia da Religião e da Geografia Histórica nos leva ao entendimento de peculiaridades da religiosidade; auxiliando-nos a compreender como o judaísmo do séc. II a.C. que aparentemente seria "fechado" ao diálogo com as culturas orientais pagãs, na verdade se serviu do hibridismo cultural para manter a sua identidade religiosa, resistindo às tentativas de unificação cultural, estando na figura da "desterritorialização" do culto o elemento chave para entendermos a nova espacialidade da adoração à divindade.