Tesis
Dinâmica populacional de uma gramínea invasora e um arbusto nativo : implicações para a restauração ecológica no Cerrado
Fecha
2017-07-28Registro en:
MOTTA, Camila Prado. Dinâmica populacional de uma gramínea invasora e um arbusto nativo: implicações para a restauração ecológica no Cerrado. 2017. xii, 86 f., il. Dissertação (Mestrado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Motta, Camila Prado
Institución
Resumen
A compreensão da dinâmica populacional de plantas é importante principalmente nos primeiros estágios sucessionais. Nestes estágios algumas espécies podem se tornar dominantes e alterar a trajetória sucessional do ambiente. Os estudos de dinâmica populacional em áreas de restauração podem ajudar a avaliar o sucesso dos projetos, e indicar quais processos demográficos estão afetando a persistência das populações. Neste trabalho, realizamos estudos de dinâmica populacional e análises matriciais de uma gramínea invasora (Urochloa decumbens (Stapf) R.D. Webster) e um arbusto nativo Lepidaploa aurea (Mart. ex DC.) em áreas experimentais de restauração de Cerrado. Apresentamos o capítulo 1 o estudo de dinâmica populacional com L. aurea, considerando uma cronossequência com três idades de estabelecimento desde a semeadura e duas condições de dominância. Neste capítulo também avaliamos como a densidade de indivíduos e riqueza de espécies arbóreas usadas em plantios de restauração variam entre as áreas dominadas por L. aurea e U. decumbens. Amostramos as populações em julho de 2015 e julho de 2016, em área de restauração no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO. Construímos quatro matrizes de transição representando as populações do 4o ano de estabelecimento, 3o ano, 2o em condição de dominância e 2o ano em condição de não-dominância (em áreas dominadas por U. decumbens). Somente a população do 2o ano em condição de dominância apresentou valores de maiores que um, indicando um aumento populacional. A análise de elasticidade mostrou que proporcionalmente é mais sensível a mudanças nas taxas vitais dos adultos maiores, em todas as populações, principalmente na mais velha (4o ano). A sobrevivência foi a taxa vital de maior elasticidade, ocorrendo um aumento da importância desta taxa vital conforme aumenta a idade das populações. Entre as populações de mesma idade e condições diferentes de dominância, a fertilidade foi mais importante para a dinâmica populacional da população não-dominante do que para a população dominante. As análises de LTRE indicaram que a redução da sobrevivência dos adultos maiores foi a principal causa das reduções no crescimento populacional observadas com o aumento da idade das populações. A redução da sobrevivência gerou maiores diferenças no crescimento populacional entre o 2º e o 3º ano após a semeadura. A condição de não-dominância gerou redução na sobrevivência dos indivíduos, mas esta foi em parte compensada por aumento na fertilidade. A densidade de indivíduos de 13 espécies arbóreas foi em média 15,1±1,2 e 12,8±0,6 indivíduos/m2 em áreas dominadas por L. aurea e por U. decumbens respectivamente. O índice de Shannon foi de 2,03 e 2,10 para as parcelas dominadas por L. aurea e por U. decumbens, respectivamente. Estes resultados indicam que L. aurea pode ser uma espécie utilizada em projetos de restauração no Cerrado. Devido a características desta espécie, provavelmente suas populações se reduzirão no futuro não sendo mais tão dominantes do que quanto destas populações analisadas nos primeiros anos após a semeadura. Avaliamos, no capítulo 2, a dinâmica populacional de U. decumbens em diferentes condições de dominância (dominante e não-dominante, ou seja, em áreas dominadas por L. aurea). Encontramos que as duas populações apresentaram valores de menores que um, o que indicaria uma tendência de decréscimo populacional. A análise de elasticidade mostrou que os indivíduos maiores são os mais importantes para a dinâmica populacional da espécie em condição de dominância, e em condição de não-dominância os estágios A2, A3 e A4 são os mais importantes. A sobrevivência foi a taxa vital mais importante para as duas populações. A análise de LTRE evidenciou a influencia das alterações nas taxas vitais dos indivíduos no estágio A3 para o pequeno aumento no valor de entre a população dominante e não-dominante. Enquanto que as diferenças nas taxas vitais dos indivíduos no estágio A4 contribuíram para redução dos valores de iv na população não-dominante. A sobrevivência foi a taxa vital que mais contribuiu para o pequeno aumento do valor de na população não-dominante. Esses resultados demonstram que a competição com o arbusto nativo (L. aurea) teve pouco efeito na dinâmica populacional de U. decumbens. Embora os valores de encontrados indiquem uma tendência ao decréscimo populacional em condições estáveis, as populações de U. decumbens foram fortemente perturbadas antes do plantio de semeadura, e apresentam valores de similares a populações de espécies invasoras em estágios inicial e média de invasão. Mesmo que L. aurea tenha algum efeito na dinâmica de U. decumbens, a tendência é que este efeito minimize com o passar do tempo. A alta capacidade de rebrota desta espécie e a rápida recuperação das populações após fortes distúrbios (fogo e aragem) realizados para a semeadura direta indicam que é preciso manejar continuamente a área para o controle de U. decumbens para que sucesso da restauração seja alcançado.