Tesis
Bioética de intervenção e cuidados paliativos : a libertação como ferramenta moral
Fecha
2020-07-02Registro en:
LIMA, Meiriany Arruda. Bioética de intervenção e cuidados paliativos: a libertação como ferramenta moral. 2020. 121 f., il. Dissertação (Mestrado em Bioética)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Lima, Meiriany Arruda
Institución
Resumen
A filosofia paliativista remete a antiguidade período em que era comum o cuidar dos
doentes e moribundos em monastérios e hospedarias. À época era dispensado um cuidado integral,
que começava no acolhimento, passava pela proteção e promoção do alívio das dores físicas e,
buscava também a cura para alma centralizando o indivíduo dentro de um cuidado humanizado. Ou
seja, diferente da visão contemporânea sobre o processo morrer e sobre o cuidar, em que a prática
da obstinação terapêutica é corriqueira, a morte tornou-se um desafio a ser vencido e os cuidados
paliativos são tidos como prêmio de consolação quando de acordo com a medicina não há mais o
que ser feito, resultado da tecnologização da vida e do cuidar. Aqui é possível observar um
distanciamento da humanização permeado por fatores culturais, sociais, políticos,econômicos e
educacionais. Atentos as necessidades dos excluídos e compelidos por uma construção
epistemológica crítica, reflexiva e antihegemônica surgiram a pedagogia da libertação e a Bioética de
Intervenção.Assim como a filosofia paliativista,ambas propõem a centralização do indivíduo de
maneira humanizada. O objetivo central desta pesquisa é propor uma aproximação entre cuidados
paliativos e Bioética de Intervenção que conduza ao estabelecimento da categoria libertação como
uma ferramenta moral que tanto pacientes e familiares, como profissionais da saúde possam usar
para lidar com as complexas situações colocadas pela expectativa da morte e do morrer. Por tratar-se
de um estudo analítico, reflexivo e crítico foi utilizada a metodologia de estudo qualitativa. Foi
realizada coleta de dados através de entrevistas, observação-participante e diário de campo. Os
dados coletados foram analisados a partir da bioética narrativa de forma narrativa-descritiva. O
resultado aponta para existência do distanciamento entre a teoria e a prática, o despreparo na
prestação do cuidado humanizado, a ausência de transdisciplinaridade entre a equipe
multiprofissional, bem como demonstra que a prática paternalista reforça a relação de opressor e
oprimido, reiterando a vulnerabilidade dos excluídos. A conclusão desta pesquisa demonstra a
necessidade de uma intervenção eficaz que conduza o indivíduo a construção do ser e do outro
resgatando o cuidado solidário, digno e autônomo, através de escolhas morais construídas a partir da
categoria libertação. Tal intervenção somente pode tornar-se factível a partir da proposta da bioética
enquanto ponte entre os saberes vez que se trata de resgatar o indivíduo para a centralidade dos
cuidados humanizados e não perpetuar a relação fragmentada e dominante.