Tesis
A recitante egípcia : rapsódia e gestus em após-revoluções cairotas
Fecha
2017-08-25Registro en:
SANTOS, Potyguara Alencar dos. A recitante egípcia: rapsódia e gestus em após-revoluções cairotas. 2017. 592 f., il. Tese (Doutorado em Antropologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Santos, Potyguara Alencar dos
Institución
Resumen
Nas palavras e sintagmas repetidos com insistência (dísticos, fraseologias político-religiosas, idioletos, expressividades da rua e textos autotélicos), buscar o “cada um” dos singularismos vocálicos, os estranhamentos e os vínculos intensivos e periféricos dos egípcios com uma revolução e com o seu “após”. Como as “frases dos outros” – as citações – se tornam parte da minha expressividade pessoal, e como adiciono a elas as inflexões das minhas autofigurações no “aqui e agora” do meu circuito fenomênico de afetos vicinais e odientos? A história egípcia moderna é outra vez vocalizada em remissão temporal a um baᶜd il-thaūra (após-revolução). Para este estudo de tese etnográfica sobre figurações de juventudes no Egito urbano do após-Revolução de 25 de Janeiro de 2011, a “recitação” – habilidade de apresentação e manifestação da pessoa vocal – é tratada, a um só tempo, como a forma das artes verbais e das falas livres registradas e como uma artificialidade heurística que enxerga na temporalização cotidiana desse “após” um momento renascente de individualidades criativas entre as juventudes egípcias. Aqui, o próprio pesquisador procura “recitar” e rapsodear imitativamente as vivências instanciais das expressões etnodramatizadas entre ele e os jovens “muçulmanos sunitas” e “cristãos coptas” do distrito centro-leste cairota de al-Muqaṭam (ou Muᵓaṭam, no modo dialetal citadino), região urbana da sede partidária da Irmandade Muçulmana no Egito. Daqueles, foram recuperados os seus “estilos” de figurar a história política e as conflitivas inter-religiosas recentes na forma de ortopráxis, estranhamentos metodêuticos e recitações de si. “Ars Vox”, “rapsódia”, “gestus”, “rostos mortos e rostos vivos” são outras figuras de apercepção desses mundos expressivos da vida. Política, indivíduo e linguagem originam, por sua vez, os lugares temáticos dos conceitos postos em plano de reanálise e recriação.