Tesis
Cocaína, metabólitos e adulterantes no esgoto : estratégias para estimar o poliuso de drogas e o perfil de usuários
Fecha
2021-08-13Registro en:
SILVA, Katyeny Manuela da. Cocaína, metabólitos e adulterantes no esgoto: estratégias para estimar o poliuso de drogas e o perfil de usuários. 2018. 94 f., il. Dissertação (Mestrado em Química)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Silva, Katyeny Manuela da
Institución
Resumen
A análise do esgoto gerado por uma população tem fornecido informações complementares ao
monitoramento do consumo de drogas. Esta ferramenta, conhecida como epidemiologia do esgoto,
vem sendo empregada no Distrito Federal desde 2010 para estimar o consumo de cocaína. Dados
anteriores mostraram que o consumo de cocaína é maior durante fins de semana, sugerindo que
podem existir grupos distintos de usuários. Um dos grupos constituído por dependentes químicos
que fazem uso constante da droga e outro formado por pessoas que fazem uso intermitente da droga
e podem dobrar o consumo de cocaína no fim de semana. Para tentar diferenciar situações como
esta, uma alternativa seria monitorar o cocaetileno (COE), um produto de metabolização da cocaína
formado na presença de etanol, que pode indicar o consumo concomitante da droga com álcool.
Neste contexto, o presente trabalho buscou quantificar cocaína, bem como seus metabólitos
benzoilecgonina (BE) e cocaetileno, além dos adulterantes, fenacetina (FEN) e levamisol (LEV) em
amostras de esgoto por SPE-LC/QTOF. Benzoilecgonina foi usada para estimar o consumo de
cocaína usando um fator de correção adaptado que considera as taxas de excreção de BE para
diferentes vias de administração, bem como a fração de usuários de crack no Brasil. Análises diárias
indicam um maior uso de cocaína nos finais de semana, com picos no domingo nas áreas sul
(7385±121 mg dia-1 1000 hab-1) e norte (3566±171 mg dia-1 1000 hab-1) de Brasília. Um alto
consumo de cocaínicos também foi observado no dia do Carnaval de 2018 na região norte
(6229±219 mg dia-1 1000 hab-1). A razão COE/BE foi usada para avaliar o consumo simultâneo de
cocaína e álcool. Razões maiores também foram observados durante o final de semana. No entanto,
razões mais elevadas aos sábados do que aos domingos podem ser explicadas pela diminuição da
excreção de BE durante o poliuso, o que pode levar a estimativas subestimadas de uso de cocaína
aos sábados, bem como por diferentes padrões de uso de pó e crack, sendo que os últimos
geralmente bebem quantidades menores de álcool. Os dados de epidemiologia comparados com as
apreensões sugerem que a Polícia Civil de Brasília apreendeu apenas 3% de cocaína durante o
estudo. As quantidades de adulterantes de cocaína, fenacetina e levamisol no esgoto foram
relacionadas às amostras de crack e cocaína apreendidas pela Polícia Federal para estimar uma
prevalência numérica de consumo entre uma ou outra via de administração. Estima-se que os
usuários de crack no DF sejam responsáveis por cerca de 50% dos usuários de cocaínicos. Os
dados gerados contribuem para tornar a ferramenta mais robusta e completa, além de continuar
fornecendo informações úteis às iniciativas de enfrentamento ao uso e ao tráfico de drogas.