Tesis
O impacto do status profissional na saúde do trabalhador : uma comparação entre Brasil e Portugal
Fecha
2017-06-20Registro en:
AFONSO, Carlos Miguel Figueiredo. O impacto do status profissional na saúde do trabalhador: uma comparação entre Brasil e Portugal. 2017. 161 f., il. Tese (Doutorado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Afonso, Carlos Miguel Figueiredo
Institución
Resumen
O debate sobre as desigualdades sociais em saúde tem-se alastrado por todo o mundo desde a década de 1970, mas este debate constitui uma tarefa inacabada na medida em que este tipo de desigualdade persiste em sociedades democráticas como a do Brasil e de Portugal, tornando necessário estudar as disparidades sociais em saúde e encontrar padrões de saúde entre grupos sociais que permitam a obtenção de informação que proporcione uma intervenção mais incisiva em políticas de saúde pública e que abra caminho para a consolidação de um modelo social de saúde e para a adoção de uma nova postura epistemológica contra o modelo biomédico. Tendo em conta este contexto, a presente tese incorpora quatro estudos que visam estudar a relação entre status profissional (operacionalizada através da tipologia socioprofissional de classe ACM) e a saúde (saúde percebida, restrições de saúde, fatores de risco para a saúde e saúde mental) no Brasil e em Portugal através de testes estatísticos (one-way ANOVA, Kruskal-Wallis e Qui-Quadrado) e através da análise de correspondências múltipla (projetando os indicadores de saúde e categorias socioprofissionais de classe no espaço social). Para o Brasil analisaram-se os dados das respostas à Pesquisa Mundial em Saúde da OMS (2003) e do suplemento de saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE (2008). Para Portugal, analisaram-se também os dados das repostas da Pesquisa Mundial em Saúde e procedeu-se a aplicação de um questionário de estado de saúde a uma amostra de 229 trabalhadores de Portugal Continental. Para além dessa análise de dados examinaram-se indicadores institucionais de saúde, laborais, ambientais, sociais e económicos que diferenciam as realidades brasileira e portuguesa em termos de saúde. Todos os estudos demonstraram que os grupos de menor status profissional (assalariados agrícolas, operários e desempregados) são os que apresentam pior saúde percebida e piores indicadores de saúde a nível de restrições no quotidiano e saúde mental, indiciando a existência de acentuadas desigualdades sociais em saúde consoante status profissional. No caso brasileiro essas desigualdades sociais se manifestam com maior assimetria, sendo os trabalhadores agrícolas os mais visados em termos de fatores de risco para saúde e pior saúde percebida. No caso português, as atenções dispersam-se pelos operários, assalariados agrícolas, desempregados e empregados executantes, sendo que todos estes grupos apresentam piores indicadores de saúde em comparação com os restantes.