Tesis
Análise estratigráfica em alta resolução : exemplo em rampa carbonática dominada por microbialitos da Formação Salitre, Bacia do Irecê, Bahia
Fecha
2017-08-22Registro en:
SANTANA, Ana Virgínia Alves de. Análise estratigráfica em alta resolução: exemplo em rampa carbonática dominada por microbialitos da Formação Salitre, Bacia do Irecê, Bahia. 2016. xvi, 183 f., il. Tese (Doutorado em Geologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Santana, Ana Virgínia Alves de
Institución
Resumen
A Formação Salitre registra a sequência carbonática neoproterozoica que recobre o cráton do São Francisco na região central da Bahia, nordeste do Brasil. O presente estudo objetivou fornecer um inédito arcabouço de estratigrafia de sequências em alta resolução para o trecho superior da Unidade B, sul do sinclinal de Irecê, na bacia homônima. Dez fácies e oito subfácies foram caracterizadas. A sucessão vertical de fácies mostra diferentes associações faciológicas: rampa intermediária com influência microbial (FA1); rampa interna rasa/rampa intermediária proximal (FA2); rampa interna dominada por microbialitos (FA3); rampa subaérea/sabkha (FA4). Estas FAs compõem um típico sistema carbonático marinho desenvolvido em uma rampa homoclinal. A análise sequencial em alta resolução distinguiu sequências elementares e de pequena escala em intervalos com a predominância das FA3 e FA4. Sequências elementares possuem espessura de algumas dezenas de centímetros. Estas sequências foram delineadas em campo a partir de uma série de fatores ordenados que pela sucessão vertical demonstrasse uma periodicidade/variabilidade no tipo do crescimento microbial. Sequências de pequena escala são constituídas a partir das sequências elementares. Sua demarcação ocorre a partir de critérios sedimentológicos e com o auxílio de perfis gama espectral. Sequências de média escala foram delineadas a partir de mudanças paleoambientais, como mudanças de associações faciológicas. Uma sequência de ampla escala, dezenas de metros de espessura, sugere a mais significativa mudança nas condições ambientais. Análises isotópicas de C/O foram realizadas em amostras da porção basal da unidade B. Valores pouco negativos de δ13C, próximos de 0.0‰, sugerem uma assinatura isotópica típica de oceano. Análises de U/Pb em SHRIMP, foram realizadas em siltito tufáceo (tufito) e em rocha com significativa contribuição epiclástica. A idade de deposição máxima da Formação Salitre é restringida pela idade do zircão mais novo, próxima a 670 Ma, obtida na amostra de tufito. As regiões fonte possíveis para os zircões da Formação Salitre, de acordo com as idades geocronológicas publicadas são (1) Faixa Riacho do Pontal, relacionada ao magmatismo distal em ambiente tectônico de margem passiva; (2) Faixa Araçuaí-Congo Oeste, relacionada ao processo extensional de grande escala, bem documentado na contraparte africana da paleoplaca São Francisco-Congo (vulcanismo La Loiula); e (3) Faixa Brasília, relacionado com os eventos orogênicos. As idades mais antigas dos zircões detríticos são provenientes principalmente de fontes locais, como rochas granito-gnáissicas e de greenstone belts, associadas ao Bloco do Gavião (>2,0 Ga; embasamento do CSF na área de estudo), e rochas associadas a eventos vulcânicos preservados no Grupo Rio dos Remédios e formações Bomba e Tombador (aprox. 1,75 Ga, 1,5 e 1,38, respectivamente). Os resultados indicam que durante a deposição da Unidade B, a Bacia de Irecê possuía uma configuração condizente com uma bacia sag, intracratônica, possivelmente correspondendo a um golfo vinculado ao desenvolvimento da margem passiva que se implantou nas faixas Riacho do Pontal e Sergipana, a NNE.