Tesis
Contradições de um território ambíguo : MuBE-SP
Fecha
2021-05-03Registro en:
JARDIM, Gabriel Daher. Contradições de um território ambíguo: MuBE-SP. 2020. 304 f., il. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Jardim, Gabriel Daher
Institución
Resumen
Este trabalho foi estruturado confrontando a contradição de vivermos em cidades com potenciais de sociabilidade, porém marcadas pela segregação. O intuito deste trabalho é tratar da relação entre o edifício e a cidade quando a fronteira entre eles não é evidente. Para isso, será usado como objeto principal o Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBE), do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (PMR) inaugurado em 1995 no Jardim Europa em São Paulo. O objeto estudado não poderia ser mais contraditório, um museu que nasce com a intenção - de uma associação - de evitar o incômodo com a presença de diferentes. Daí a concessão da prefeitura de um terreno público para um museu privado. Se já não fosse o bastante as contradições que antecederam o concurso, o projeto vencedor ao invés de propor algo que propiciasse uma quietude, é justamente o oposto, uma praça/museu, o lugar com maior vocação para a sociabilidade e encontros. No primeiro capítulo essa questão é abordada quando tratamos das esferas pública e privada, que intencionalmente são apresentadas como distintas, entretanto, observou-se que a diferença entre tais esferas começa a se esfumaçar na modernidade. A fronteira é apresentada como a contradição concretizada na cidade, que tem como princípio a vida em sociedade, ressalta-se como as cercas e muros têm a função de evidenciar as diferenças, e a partir delas, a segregação entre quem está dentro e quem está fora se agrava. O segundo capítulo é iniciado abordando o território, que apesar da sua aptidão em ser catalizador da sociabilidade, esbarra em amarras da dinâmica urbana e da, por vezes preconceituosa, gestão administrativa. O que se vê em sociedades amedrontadas - como diversas cidades brasileiras - é a valorização da segregação, por desencadear falso sentimento de segurança, em detrimento da ideia de coletividade. O espaço ambíguo reflete a interlocução entre público e privado resultante da constante transição entre essas esferas. Assim, um espaço não está fadado à crescente apropriação exclusivista, pelo contrário, pode pertencer aos dois domínios. No terceiro capitulo é apresentada a ideia de que a arquitetura revela a essência de um lugar - sem, no entanto, esgotá-la, vez que deve-se ter em mente a finitude da arquitetura frente ao caráter contínuo da natureza - ressalta-se que a arte desenhada pelo arquiteto permite a vivência dos significados de um local, que só são revelados pelo construir. Assim sendo, é necessário ultrapassar a percepção de apenas habitar o terreno, sítio ou o bairro, para assim alcançar a ideia de sermos habitantes do mundo. Por fim, abordou-se a ideia da obra arquitetônica como arte e como condutora de uma mensagem. Defendemos que a arquitetura traduz a intenção política em arte e esta, ao propiciar a sociabilidade entre diferentes, estimula a resistência política. O MuBE estimula uma experiência reflexiva do espaço e da cidade. Além disso, provoca importante discussão sobre o desvirtuamento - resultante da construção de fronteiras - da arquitetura desenhada como resistência política e estímulo à convivência entre diferentes.