Tesis
O drama de Suzan-Lori Parks e outras práticas sociais : leituras e reflexões políticas de uma poética que repete e revisa
Fecha
2022-05-31Registro en:
LIMA, Annemeire Araújo de. O drama de Suzan-Lori Parks e outras práticas sociais: leituras e reflexões políticas de uma poética que repete e revisa. 2022. 223 f., il. Tese (Doutorado em Literatura) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Lima, Annemeire Araújo de
Institución
Resumen
Este trabalho se apresenta como uma intepretação política da poética de repetiçãorevisão elaborada por Suzan-Lori Parks. Interessada em criar um drama de
acumulação que resiste ao arqueamento esperado pelo drama aristotélicohegeliano, essa poética suscitou em nossos primeiros contatos com as peças
parksianas a suspeita de que seus elementos literários e teatrais produzem
tensões e reconfigurações semelhantes às provocadas pela chamada crise da
modernidade que se intensificou com o advento do século XXI. Acreditando que
identificar e problematizar essas tensões nos ajudaria a construir conhecimento
sobre os vínculos ou muros entre arte dramática e posicionamento político
contemporâneos, escolhemos quatro peças do começo da carreira da dramaturga
afro-estadunidense e dialogamos com cada uma a fim de apreender como se dá a
construção de significados, ressignificações e reconfigurações em torno dos
problemas de gênero e raça, especialmente quando se espera de sua poética
algum tipo de filiação às lutas empreendidas pelos grupos que compõem aquelas
minorias. As peças com as quais estabelecemos diálogo foram: Betting on the Dust
Commander (1986), Imperceptible Mutabilities in the Third Kingdom (1986),
Devotees in the Garden of Love (1991) e The America Play (1993). Antes de lidar
com o corpus propriamente dito, foi elaborado um panorama histórico-cultural que
demonstra a aproximação entre arte dramática e as lutas minoritárias desde 1776 -
período pré- revolução nos Estados Unidos– até 1984 – ano em que Suzan-Lori
Parks escreveu sua primeira peça. De volta à análise em si, alguns elementos que
compõem a poética dos textos e o vínculo que poderiam estabelecer com seus
respectivos contextos e condições de enunciação foram examinados e ponderou-se
sobre a hipótese de que a poética da repetição-revisão elaborada por Suzan-Lori
Parks não se limita a retratar a dinâmica das relações de poder, mas principalmente
sugere reconfigurações linguísticas e paralinguísticas tanto ao que até então
caracterizava uma arte dramática como gesto político (o teatro político, por
exemplo) quanto ao que pretendia incentivar maior participação política por parte
da sociedade civil (os movimentos populares ou movimentos civis).