Tesis
Da água para o vinho : o papel da vitivinicultura no processo de desenvolvimento regional da Serra Gaúcha
Fecha
2021-07-12Registro en:
SANT ANNA, Rafael Lavrador. Da água para o vinho: o papel da vitivinicultura no processo de desenvolvimento regional da Serra Gaúcha. 2021. 149 f., il. Tese (Doutorado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Sant Anna, Rafael Lavrador
Institución
Resumen
A vitivinicultura da Serra Gaúcha tem forte ligação com a chegada dos imigrantes
italianos à região. A transformação da paisagem natural e criação de uma
paisagem cultural é um dos legados destes imigrantes italianos, chamados de
colonos italianos, à região da Serra Gaúcha. Desta forma o estudo se propôs a
compreender a relação deste colono com o seu novo território, investigando o
processo migratório, sua adaptação à Serra Gaúcha, o início da vitivinicultura na
região, o processo de construção do terroir da Serra Gaúcha e a relevância da
vitivinicultura para o desenvolvimento da região. Como hipótese, o estudo supõe
que, dentre as variáveis que compõem o conceito de terroir, o conhecimento
(saber fazer) adquirido ao longo dos séculos na produção vitivinícola pelos
imigrantes italianos, juntamente com a cultura do vinho entremeada em suas
atividades cotidianas, e as características da paisagem natural, foram as principais
variáveis que contribuíram no processo de desenvolvimento regional. Como
objetivo geral, a tese propõe analisar como a paisagem natural e o território,
juntamente com a cultura dos imigrantes italianos a partir da produção vitivinícola,
contribuem no processo de desenvolvimento regional da Serra Gaúcha. Como
forma de embasar esta proposição, o estudo utilizou-se da metodologia Rapid
Rural Appraisal (RRA), focando na opinião de especialistas do setor vitivinícola
nacional, assim como em pesquisas documentais e num referencial bibliográfico
que abarca conceitos da geografia, da economia e a contextualização da cadeia
produtiva vitivinícola. Ressalta-se que esta abordagem metodológica foi escolhida
devido à pandemia do coronavírus, que assola o mundo todo. Como principais
resultados, principalmente no que tange ao conceito de terroir da Serra Gaúcha e
as variáveis que compõem o conceito, verificou-se que a cultura do vinho
entremeada na cultura do imigrante italiano foram importantes no processo de
desenvolvimento da vitivinicultura da região, mas o aprendizado (saber fazer),
principalmente por se tratar de uma vitivinicultura muito diferente da que
realizavam e tinham acesso na Itália, foi desenvolvido em território brasileiro. O
conhecimento, em sua grande parte, foi construído em território brasileiro, tanto
pela necessidade de aprender a técnica de manejo produtivo em um novo tipo de
território, como também pelas variedades de parreiras que construíram a base
deste conhecimento, as uvas americanas, que até então não faziam parte do
contexto de vida do imigrante italiano. Em relação ao desenvolvimento regional
proporcionado pela vitivinicultura da Serra Gaúcha, observou-se nas falas dos
entrevistados, assim como nas referências coletadas, a convergência para um
único apontamento, de que houve melhoria na qualidade de vida dos habitantes
da Região da Serra Gaúcha. Esta melhoria pode ser compreendida pelo aumento
de renda na região, diminuição da taxa de mortalidade, alta expectativa de vida,
educação de qualidade e manutenção de estudantes nas escolas, assim como
uma distribuição de renda um pouco menos desigual, ainda mais se comparada
com o restante do Brasil. Estas melhorias, conjuntamente com a criação de
Indicações Geográficas (IGs), o enoturismo, o fortalecimento das Instituições de
apoio, a história de superação dos imigrantes italianos, a vitivinicultura e todo seu
aspecto cultural, o desenvolvimento regional fica mais perceptível.