Tesis
A cosmografia de Quaderna na ilumiara ou uma trajetória do verdadeiro imperador do Brasil na obra de Ariano Suassuna
Fecha
2021-11-22Registro en:
CORRÊA, Rachel Lourenço. A cosmografia de Quaderna na ilumiara ou uma trajetória do verdadeiro imperador do Brasil na obra de Ariano Suassuna. 2021. 210 f., il. Tese (Doutorado em Literatura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Corrêa, Rachel Lourenço
Institución
Resumen
Esta tese investiga a personagem Pedro Dinis Ferreira-Quaderna na obra de Ariano
Suassuna, mais precisamente em três romances e uma peça: Romance d’A Pedra do Reino e o
Príncipe do Sangue do Vai-e-volta, História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão,
Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, e As Conchambranças de Quaderna.
Usamos as metáforas do “Lunário Perpétuo” suassuniano, do “chão de estrelas” e do “céu de
pedras” para identificar os componentes da Constelação de Quaderna e contemplar sua faceta
de astrólogo, assim como o elemento “pedra” na obra de Suassuna. Inicialmente, exploramos o
universo suassuniano e as condições que possibilitaram a existência da personagem, um
sertanejo que se declara herdeiro da verdadeira linhagem real brasileira. Em seguida, discutimos
a sua característica barroca, de conciliação de contrários, na qual ele une elementos opostos
com uma solução de terceira via. Finalizamos com a análise de traços mais específicos da
personalidade de Quaderna, revelados na sua relação com a literatura e com o seu criador.
Observamos que ele se vale de um mecanismo idealizante, proveniente da literatura de cordel,
para operar a mitificação da realidade. A estrutura dialógica nas obras analisadas é composta
de um nível dialógico, que ele estabelece com o autor, e de um nível monológico, que ele
estabelece com as outras personagens. Sua criação é de base humorística; ele é um tipo
malandro brasileiro, inspirado nos pícaros clássicos do Século de Ouro espanhol, porém sua
faceta humorística se mistura à épica e à trágica. Quaderna é um nostálgico, que ressente a
perda do reino e busca a encantação do sertão. Ele tem uma visão da raça brasileira como
“castanha”, e defende a monarquia e a aristocracia rural. Nesses aspectos, difere de Suassuna
e se consolida como uma personagem independente e autônoma, que fala por si mesma.