Tesis
Previsibilidade de fluxos de caixa de concessionárias de serviços públicos
Fecha
2022-01-06Registro en:
SANTOS, Agostinho Moura dos. Previsibilidade de fluxos de caixa de concessionárias de serviços públicos. 2021. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Santos, Agostinho Moura dos
Institución
Resumen
Essa pesquisa tem por objetivo investigar a previsibilidade do fluxo de caixa de empresas concessionárias de serviços públicos. As concessionárias de serviços públicos operam em ambientes com pouca (ou nenhuma) competição (Zhang e Chen, 2013); no qual os preços (pelo menos em parte) dos serviços prestados são regulados por um poder concedente (IASB, 2006); e onde determinados riscos do negócio são alocados ao parceiro público (Grimsey e Lewis, 2002). Por conta disso, é esperado que a previsibilidade do fluxo de caixa seja uma característica das concessões (Bonomi e Malvessi, 2004). Dessa forma, essa pesquisa buscou investigar se empresas concessionárias de serviços públicos registradas na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) permitem maior precisão na previsão de fluxos de caixa futuros em comparação com empresas de outros setores de atuação quando utilizados os preditores fluxo de caixa das operações, lucro e fluxo de caixa das operações combinado com accruals para o período de 2010 a 2020. Para responder à questão de pesquisa, foi empregado o modelo elaborado por Barth et al. (2001). Trata-se de modelo derivado do estudo de Dechow et al. (1998) que realiza predições do fluxo de caixa futuro por meio do lucro operacional, do fluxo de caixa operacional e do fluxo de caixa operacional combinado com accruals. Foram analisadas 482 empresas diferentes, sendo 96 concessionárias de serviços públicos e 386 empresas com atuação em outros setores, com dados coletados trimestralmente do ano de 2010 a 2020. A amostra das empresas atuantes em outros setores foi analisa em dois formatos diferentes: uma Amostra Total, que contempla todas as 386 empresas, e uma Amostra Pareada, que contempla as 96 empresas atuantes em outros setores que possuem as características mais similares às concessionárias com base na receita anual média e na razão EBITDA anual médio por receita anual média. Os modelos derivados de Barth et al. (2001) foram estimados, separadamente, para as empresas Concessionárias e para as outras empresas considerando-se a Amostra Total e a Amostra Pareada. O coeficiente de determinação (R2 ) e a média dos erros ao quadrado (MSE) foram utilizados como medidas da qualidade do ajustamento da equação de regressão. As estimações dos fluxos de caixa operacionais do período seguinte por meio do lucro operacional do período corrente e do fluxo de caixa do período corrente sustentaram a hipótese de pesquisa de que os fluxos de caixa operacionais das Concessionárias são mais previsíveis do que os fluxos de caixa operacionais de outras empresas. Todavia, a estimação por meio do fluxo de caixa operacional combinado com accruals do período anterior não confirmam a hipótese de pesquisa de que os fluxos de caixa operacionais das Concessionárias são mais previsíveis do que os fluxos de caixa operacionais das Outras Empresas, tendo em vista que o R2 para as Concessionárias não é maior que o R2 para as outras empresas quando analisadas na Amostra Pareada e o MSE das Concessionárias não é menor que o MSE das outras empresas quando analisadas na Amostra Pareada. Esse resultado pode sugerir que os accruals desempenham papel diferenciado na indústria das empresas concessionárias, o que pode demandar uma modelagem específica para a previsão do fluxo de caixa dessas entidades. O resultado também pode sugerir que, nos ambientes analisados, o compartilhamento de riscos entre o parceiro público e o parceiro privado não funcionou adequadamente como um elemento mitigador do risco das concessões, pois não foi suficiente para fazer com que o fluxo de caixa das Concessionárias não fosse afetado tão drasticamente quanto o fluxo de caixa de empresas atuantes em outros setores.