Tesis
Ocorrência de radiodermatite em pacientes com câncer em um hospital de ensino de Brasília
Fecha
2017-10-20Registro en:
BONTEMPO, Priscila de Souza Maggi. Ocorrência de radiodermatite em pacientes com câncer em um hospital de ensino de Brasília. 2017. 79 f., il. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Bontempo, Priscila de Souza Maggi
Institución
Resumen
A radioterapia consiste em uma modalidade clínica que utiliza a radiação ionizante com finalidade terapêutica para tratamento do câncer. Dentre os efeitos adversos inerentes à essa terapêutica destaca-se a radiodermatite, reação cutânea desconfortável caracterizada por hipersensibilidade, hiperpigmentação, dor, prurido ou descamação. Dependendo da severidade desta reação, pode ocorrer a suspensão do tratamento provocando atrasos e comprometimento do sucesso terapêutico. A ocorrência da radiodermatite não é conhecida em âmbito nacional uma vez que a maioria dos estudos de grande impacto nesta área é internacional. Há uma necessidade em dirimir esta lacuna haja vista que o conhecimento desta ocorrência pode determinar políticas e protocolos essenciais à prática clínica e controle desta radiotoxicidade. Este estudo teve por objetivo verificar a ocorrência de radiodermatite em pacientes com câncer submetidos à radioterapia, identificar o tempo para o surgimento e classificar o grau e a severidade da radiodermatite ao longo do tratamento. Foi conduzido uma coorte prospectiva, realizada no setor de Radioterapia da UNACON/HUB. A amostra foi constituída por 112 pacientes submetidos à radioterapia durante o período de 15 de março de 2016 a 04 de maio de 2017, dentre os quais 31 com câncer de cabeça e pescoço, 50 de mama e 31 na região da pelve (próstata, colo uterino e endométrio). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, utilizando medidas de frequência e proporção, por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Todos os pacientes submetidos à radioterapia para câncer de cabeça e pescoço (100%) apresentaram algum grau de radiodermatite ao longo do tratamento, com tempo médio de ocorrência de 11 dias. Na segunda semana de tratamento, 61% dos pacientes já haviam desenvolvido eritema leve. A quinta semana foi a que apresentou maior severidade nas reações, uma vez que houve maior proporção de pacientes com descamação seca (61%), além de 2 pacientes com descamação úmida. Dentre os pacientes com câncer de mama, 98% desenvolveram radiodermatite no decorrer do tratamento, com tempo médio de surgimento de 11 dias. O eritema foi o sinal mais predominante estando presente em todas as cinco semanas de acompanhamento. Na quinta semana de tratamento, 20% dos pacientes apresentaram descamação seca e 14% descamação úmida. Dentre os pacientes que irradiaram a região da pelve, 80% das pacientes com câncer de colo uterino apresentaram algum grau de radiodermatite, com tempo médio de ocorrência de 7 dias. O eritema esteve presente principalmente na terceira e quarta semanas. Dentre as pacientes com câncer de endométrio, houve ocorrência de radiodermatite em 33%, com tempo médio de 11 dias. Dos pacientes com câncer de próstata 52% desenvolveram radiodermatite ao longo do tratamento, e apresentaram tempo médio de ocorrência tardio (18 dias), quando comparado às demais regiões. Houve maior ocorrência de desenvolvimento de eritema leve. O desenvolvimento de estudos observacionais e experimentais que investigam a radiodermatite permitem conhecer melhor essa radiotoxicidade para propor medidas de manejo e controle mais precisas e no tempo certo. Espera-se que os resultados deste estudo contribuam para o desenvolvimento de ações para prevenção, tratamento e controle da radiodermatite.