Tesis
Utopias de Eros : por uma sociologia dos espaços eróticos
Fecha
2018-09-14Registro en:
TEIXEIRA, Marcelo Augusto de Almeida. Utopias de Eros: por uma sociologia dos espaços eróticos. 2018. 282 f., il. Tese (Doutorado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Teixeira, Marcelo Augusto de Almeida
Institución
Resumen
Atualmente, a “realidade” é tida como impositiva: existe um consenso de que não é sensato tentar escapar das realidades impostas. Em uma era marcada pela mudança contínua, paradoxalmente não haveria espaço questionamentos da realidade produzida, restando a conformidade com o atual estado das coisas. Entretanto, frente as ameaças postas diante da humanidade, o conformismo pode ser perigoso e a distopia, por sua vez, tornou-se lente pela qual olhamos para o mundo Porem visões de mundos melhores não foram extirpadas da sociedade contemporânea: desde os enclaves urbanos até “festivais transformacionais” com suas “cidades efêmeras”, essas visões parecem desautorizar a ideia de que a utopia não tem lugar na sociedade transmoderna. Ao contrário: na suposta impossibilidade de um estado de espirito utópico, na presumida necessidade de aceitação incondicional da realidade e diante de um possível colapso civilizacional é que a utopia torna-se necessária. A partir do conceito psicanalítico e sociológico de Eros e de uma revisão positivada da utopia, a tese partiu da observação de que atualmente ambos são capazes de juntar multidões em comunidades intencionais e em “festivais transformacionais”. Esses eventos e comunidades são “utopias eróticas”, exemplificadas pelas “cidades efêmeras” _como “Black Rock City”, suporte arquitetônico do festival transformacional Burning Man (EUA)_ nas quais uma simulação de uma sociedade diferente é praticada, baseada no encontro erótico, no afetivo e no comunitário, no desempenho de novas sociabilidades mais subjetivamente intensas e criativas. Essas experiências utópicas funcionam como laboratórios uteis para as Ciências Sociais. Assim, essa tese é sobre a questão da Utopia e suas conexões com Eros na contemporaneidade e seus enlaces com a Sociologia, Antropologia e Arquitetura. A tese segue o método proposto pela socióloga Ruth Levitas em sua “Reconstrução Imaginária da Sociedade” para analisar o fenômeno social da cidade efêmera de Black Rock City, Esse método deve englobar três aspectos: o “arqueológico”, o “ontológico” e o “arquitetônico”. No primeiro, deve-se colecionar e entender em conjunto imagens de sociedades melhoradas e/ou idealizadas. No segundo, consideram-se modos de existência considerados melhores. Por fim, deve-se pensar não só sobre a delineação institucional e social de uma sociedade melhorada, mas também sobre sua materialização concreta e seus arranjos espaciais. Assim, Black Rock City é analisada pelos seus aspectos arqueológicos, ontológicos e arquitetônicos, relacionando-os com os conceitos de utopia e de Eros, apresentando-se como possível de interpretações múltiplas. Ao considerar o impulso utópico como motor de mudança social, a tese defende que a sociologia deve abarcar as lacunas percebidas pelos indivíduos em suas vidas no estudo das sociedades. Ainda, defende que o conceito de utopia deva ser requalificado, não só para a sociologia, mas como vital para a sobrevivência da humanidade.