Tesis
Identidade étnico-racial : infância, escola, família e subjetividade
Fecha
2021-04-25Registro en:
CARMO, Ildete Batista do. Identidade étnico-racial: infância, escola, família e subjetividade. 2020. 159 f., il. Dissertação (Mestrado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Carmo, Ildete Batista do
Institución
Resumen
A presente produção teórica teve como foco principal a articulação teórica entre estudos
da identidade étnico-racial, infância, escola, família e Teoria da Subjetividade
desenvolvida por González Rey (2017), que numa perspectiva de uma psicologia cultural-
histórica propôs compreender a dimensão subjetiva de fenômenos sociais complexos para
a constituição da psique. Avançamos na compreensão do racismo na sua dimensão
subjetiva histórica e culturalmente constituída na subjetividade social brasileira, na
história singularizada da pessoa e nos diversos contextos de suas vidas. A pesquisa teve
como objetivo compreender configurações subjetivas constituintes da identidade étnico-
racial de uma criança negra. Considerando sua história de vida e relações estabelecidas
no contexto inter-relacional familiar e escolar, realizamos discussões e aproximações
teóricas com autores como Hall (2006), Cavalleiro (2006), Bento (2011), Teodoro (2018),
Gomes (2018), Munanga (2009) em articulação com a Teoria da Subjetividade de
González Rey (2017) e a Epistemologia Qualitativa e Metodologia construtivo-
interpretativa. Configurado como um estudo de caso, a pesquisa foi realizada numa escola
pública da Região Administrativa do Distrito Federal com uma estudante com 8 anos de
idade do segundo ano do ensino fundamental. A produção das informações ocorreu por
meio de instrumentos favorecedores da expressão subjetiva da participante: dinâmicas
conversacionais, sessões de rodas de conversas, histórias seguidas de desenhos, jogos
dramáticos e de faz-de-conta, além de lives produzidas pela própria criança. Nesse
processo dialógico-afetivo desenvolvido com a estudante foi possível conjecturar que
Arabela vive de modo tensional e contraditório a experiência de ser uma criança negra,
na contradição entre família e escola. No contexto social familiar com positividade,
porém, no contexto social escolar, emergem experiências negativas com relação à sua cor
de pele, cabelo, levando a atitudes de silenciamento, choro, isolamento social, o que
configura um processo de sofrimento emocional silencioso. A relação dialógica
construída com a participante envolveu tensionamentos, descobertas, apreciação e
identificação da criança com a pesquisadora, o que favoreceu emergência de novas
configurações de sentidos subjetivos de processos de identificação positiva de si. A
pesquisa também produziu visibilidade e inteligibilidade sobre crenças, valores
imbricados na subjetividade social da escola e na subjetividade individual dos
profissionais, que se desdobrou em diálogos tensionadores sobre as situações de racismo
produzidos, vivenciados e silenciados no cotidiano da escola. Reconhecemos que os
tensionamentos e conflitos são um caminho importante na produção de novas vias de
subjetivação que podem gerar mudanças pessoais e sociais. A partir do que foi estudado,
propõe-se avanços no que concerne às representações teóricas da identidade como
configuração subjetiva e o que cada pessoa individualmente subjetivará de forma singular
diante da experiência do racismo, mesmo sendo um fenômeno macroestrutural.