Tesis
“A gente faz uma medicina de guerra!” : custo humano, bem-estar, mal-estar e qualidade de vida no trabalho em uma unidade de pronto atendimento
Fecha
2020-02-18Registro en:
PÁDUA, Leandro Silva. “A gente faz uma medicina de guerra!”: custo humano, bem-estar, mal-estar e qualidade de vida no trabalho em uma unidade de pronto atendimento. 2019. 146 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Pádua, Leandro Silva
Institución
Resumen
Os estudos sobre trabalho e saúde objetivam a compreensão do contexto de trabalho e dos impactos na saúde dos trabalhadores, com finalidade de segurança no trabalho, prevenção e promoção de saúde. Contudo, dados da Organização Internacional do Trabalho (2013) indicam o aumento no número de comorbidades, de acidentes e de mortes relacionados ao trabalho. O trabalho em emergências médicas (EM) não foge a este escopo, com relatos que o comparam a um verdadeiro front de guerra. Este estudo trata-se de estudo de caso, de natureza qualitativa, exploratória, descritiva, com a finalidade de investigar, no contexto de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Distrito Federal, a relação entre Custo Humano do Trabalho (CHT), Bem-estar no trabalho (BET), Mal-estar no trabalho (MET) e Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). O fio condutor desta baseou-se na perspectiva teórico-metodológica da Ergonomia da Atividade Aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho (EAA_QVT). Para tanto, utilizando-se de um roteiro semiestruturado, 13 entrevistas foram coletadas dos médicos que atuavam nesta unidade. Com relação ao perfil amostral: equilíbrio na proporção de gênero, estado civil e escolaridade; idade média de 32 anos; tempo desde a graduação geral foi maior que 3 anos; e de trabalho na unidade foi predominante de menos de 3 anos. Os dados foram coletados, tratados, e submetidos à análise lexical com o suporte do software IRaMuTeQ. Os resultados permitem concluir que, para os pesquisados, os CHT na unidade são predominantemente físicos e cognitivos, com aproximadamente 60% dos discursos relacionados ao esgotamento, sobrecarga, cansaço e exaustão. As estratégias de mediação destes relacionam-se predominantemente a atividades principalmente fora do trabalho, de busca de bem-estar e prazer, e de “desligamento” do trabalho. As fontes de MET e BET estão diretamente relacionadas às condições e à organização do trabalho, e secundariamente às relações socioprofissionais. Com isso, conclui-se pelas respostas que QVT para os médicos perpassa pelas condições de trabalho que propiciem um atendimento de qualidade aos usuários, e por uma organização do trabalho com adequado dimensionamento e jornada compatível. O estudo fornece subsídios para novas agendas de pesquisa, além de indicadores críticos do trabalho na unidade, relacionados a um alto e negativo CHT, que podem contribuir para a formulação de políticas e programas de QVT para profissionais de saúde de EM.