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O ensaio, para além das fronteiras
Fecha
2016-08Autor
Reis, Livia Maria de Freitas
Resumen
Desde suas origens, com Montaigne, o ensaio se delineou como um tipo de texto, ainda não um
gênero, de “tentativas” na qual o autor divagava e ensaiava sobre a vida e a essência da
humanidade. Passando pela análise de grandes teóricos como Lucaks e Adorno, definidores desta
forma narrativa ao qual se batizou como ensaio, os textos denominados ensaísticos sempre tiveram
um aspecto de experimentalismo, que os confundia, não raro, com outros textos pertencentes à
gêneros literários mais prestigiados. Textualidade muito visitada na América Latina, entre nós o
ensaio ganhou status de gênero maior, sobretudo aquele tipo de texto preocupado em refletir sobre
identidade e nação. Mais recentemente, um olhar atento para a produção ensaísta na América
Latina, aponta para uma vastíssima quantidade de textos que se abrem às influências de outros
gêneros literários e assumem formas discursivas que podem ser facilmente confundidas. Autores
como Pedro Lemebel, Diamela Elttit, Roberto Bolaños, a partir de diferentes perspectivas, repetem
e discutem o ato escritural que desde as décadas de 50 e 60 do século XX foram ensaiados por
autores consagrados como Jorge Luiz Borges ou Júlio Cortázar. Ou seja, o gênero ensaístico, sem
deixar de ser literatura de ideias, assume feições esteticamente comprometidas desconstruindo os
paradigmas e as fronteiras de gênero