Tesis
Desenvolvimento de um protocolo experimental para testar memória de reconhecimento e memória condicionada em primatas não-humanos (Callithrix Penicillata) : um estudo farmacológico e comportamental
Fecha
2017-01-06Registro en:
MELAMED, Jonathan Lobo. Desenvolvimento de um protocolo experimental para testar memória de reconhecimento e memória condicionada em primatas não-humanos (Callithrix Penicillata): um estudo farmacológico e comportamental. 2016. [113] f., il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Melamed, Jonathan Lobo
Institución
Resumen
A memória é a habilidade que permite mudar o comportamento em resposta a uma experiência, relembrar eventos do passado e planejar o futuro. A memória de reconhecimento diz respeito ao reconhecimento de estímulos no ambiente e está relacionada à interpretação da situação de modo que possa ocorrer a seleção do comportamento mais adequado a ser apresentado. A memória condicionada, por sua vez, representa a associação entre um estímulo preditivo e o resultado da escolha do comportamento a ser apresentado para aquela situação. É na intersecção desses dois sistemas de memória que residem aspectos do uso e abuso de psicoestimulantes. Assim, um protocolo experimental que permita avaliar o efeito de psicoestimulantes sobre diferentes aspectos da memória parece ser de grande interesse para a ciência. O presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento de um protocolo experimental para avaliar as memórias de reconhecimento e condicionada em um primata não-humano a partir dos efeitos comportamentais das administrações sistêmicas de escopolamina (controle positivo) e aguda ou repetida de cocaína diante de objetos neutros ou com a presença de um estímulo apetitivo ou de um aversivo. Para tanto, machos e fêmeas adultos da espécie Callithrix penicillata foram submetidos a três testes: (1) teste de reconhecimento objeto-lugar - consistiu na apresentação de dois estímulos neutros por 10 minutos, seguida de um intervalo de retenção de 10 minutos e uma nova sessão de exposição, com um dos estímulos deslocado de lugar; (2) teste de preferência condicionada ao chocolate – se deu por uma sessão de linha de base de 10 minutos sem a apresentação de nenhum estímulo, seguida de um intervalo de retenção de 10 minutos, uma sessão de condicionamento de 10 minutos com um prato vazio e um prato com chocolate, novo intervalo de retenção e a sessão teste sem estímulos; e (3) teste de medo condicionado à serpente – que procedeu semelhante ao teste anterior, porém com o condicionamento à serpente e não ao chocolate. No total foram realizados 3 estudos, para avaliar os efeitos comportamentais: (1) da escopolamina administrada 20 minutos antes do treino/condicionamento nos testes citados; (2) das doses de 2 ou 5 mg/kg de cocaína logo após o treino/condicionamento; e (3) do pré-tratamento com 5 mg/kg de cocaína por 7 dias, sendo que o mesmo foi finalizado uma semana antes dos testes comportamentais. Os sujeitos reconheceram a localização dos objetos em seu ambiente e tanto a escopolamina como ambas as doses de cocaína agudamente ou o pré-tratamento repetido prejudicaram esse aspecto da memória dos animais. Apenas uma sessão de condicionamento parece ter sido insuficiente para condicionar os animais ao chocolate, porém o pré-tratamento com o psicoestimulante facilitou o condicionamento de uma preferência por lugar (indicativo de sensitização). O teste de medo condicionado à serpente foi capaz de fazer com que os animais apresentassem as respostas comportamentais esperadas com base em sua ecologia e a escopolamina e as duas doses de cocaína agudamente prejudicaram o desempenho dos micos nesse teste. Dessa forma, pode-se concluir que o protocolo proposto está apto a ser aplicado em questões correlacionadas.