Tesis
Saúde das pessoas com deficiência do campo no âmbito da atenção básica : percepções dos trabalhadores e reflexões sobre políticas de equidade para pessoas em situação de dupla vulnerabilidade
Fecha
2016-11-24Registro en:
URSINE, Bárbara Lyrio. Saúde das pessoas com deficiência do campo no âmbito da atenção básica: percepções dos trabalhadores e reflexões sobre políticas de equidade para pessoas em situação de dupla vulnerabilidade. 2016. 92 f., il. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Ursine, Bárbara Lyrio
Institución
Resumen
A Atenção Básica deve ser contato preferencial dos usuários com vistas a garantir o direito à saúde da pessoa com deficiência do campo que vivem uma condição de dupla vulnerabilidade. A inserção da interseccionalidade nas políticas de saúde pode revelar as desigualdades múltiplas. O objetivo desta pesquisa é investigar sobre a saúde das pessoas com deficiência do campo em uma Unidade Básica de Saúde, no município de Grão Mogol, Minas Gerais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que se fundamentou na investigação emancipatória da deficiência e foi desenvolvida em duas etapas: empírica e teórica. A investigação empírica, na modalidade compreensiva, de cunho etnometodológico na fase sistemática, sendo realizada observação participante e debates por meio da roda, com registro em diário de campo, e entrevistas semiestruturadas com os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família. Na análise, combinaram-se os dados coletados para Triangulação. A pesquisa teórica derivou da empírica para aprofundar reflexões sobre políticas de saúde a partir dos princípios da equidade e integralidade, debatendo os conceitos de ruralidades, deficiência e interseccionalidade. Constatou-se na pesquisa de campo que as políticas desenvolvimentistas e inserção das políticas públicas estão transformando a vida da população do campo. A deficiência está ancorada no modelo biomédico e a dimensão da caridade se ressalta nas ações em saúde desenvolvidas pela Unidade Básica de Saúde investigada. A fim de enfrentar as barreiras de acesso à saúde, o desenho da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência deve ser repactuado. Constatou-se na investigação teórica que as concepções de ruralidade e do modelo social da deficiência, que emergiram do debate crítico ao modelo hegemônico, fundamentaram as políticas de saúde para população do campo e para pessoas com deficiência. Verificou-se também que a dupla vulnerabilidade da população do campo com deficiência não é discutida na literatura nacional e tem sido pouco abordada expressamente em documentos oficiais dessas políticas. O espaço na agenda política foi conquistado através da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência e da Política Nacional de Saúde Integral para as Populações do Campo, da Floresta e das Águas, valorizando a Atenção Básica como contato preferencial na rede de atenção à saúde. A inserção da interseccionalidade nas políticas de equidade pode contribuir para repensá-las na perspectiva das desigualdades múltiplas, revelando a realidade social e propiciando a ampliação do acesso e qualificação do atendimento à população do campo com deficiência.