Tesis
História natural, modelagem de distribuição e conservação de Bothrops itapetiningae Boulenger, 1907 (Serpentes: Viperidae: Crotalinae), espécie endêmica do cerrado
Registro en:
LEÃO, Suelem Muniz. História natural, modelagem de distribuição e conservação de Bothrops itapetiningae Boulenger, 1907 (Serpentes: Viperidae: Crotalinae), espécie endêmica do cerrado. 2012. viii, 122 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
Autor
Leão, Suelem Muniz
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Florestal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, 2012. CAPÍTULO I Apresentamos informações sobre a atividade, dimorfismo sexual, reprodução e dieta de Bothrops itapetiningae. Todos os espécimes analisados foram provenientes de coleções científicas. A espécie foi registrada em todos os meses do ano, sendo mais frequente entre o meio da estação chuvosa e início da seca. Somente os jovens foram significativamente mais registrados na estação chuvosa, provavelmente por ser o período em que ocorrem os nascimentos e eles ainda estão mais vulneráveis. Machos apresentam caudas relativamente mais longas, mas fêmeas são maiores e possuem cabeça mais longa. Das 99 fêmeas analisadas, o número de embriões variou entre 3 e 11 (média: 5,8 e desvio-padrão: 2,9) e a fecundidade das fêmeas está relacionada à circunferência do corpo. O ciclo reprodutivo é sazonal e bienal, com nascimentos na estação chuvosa. A dieta é generalista e os itens consumidos são mamíferos, lagartos, anfíbios, aves e quilópodes, sem diferenças relacionadas à estação, sexo ou ontogenia. No entanto, o pequeno tamanho corporal de Bothrops itapetiningae pode ter evitado uma completa especialização em mamíferos e limitado a fecundidade, a qual é menor que a de todas as espécies estudadas do gênero. Dados como reprodução e atividade sazonal, dieta generalista e dimorfismo sexual com fêmeas maiores, com cabeças maiores e machos com caudas maiores refletem condições plesiomórficas, amplamente distribuídas no gênero Bothrops. Entretanto, a menor fecundidade do gênero torna a espécie mais sensível e vulnerável, principalmente somando-se ao fato da espécie ser especialista em habitats de áreas abertas, que são as mais desmatadas atualmente e por ser sensível à alterações antrópicas. Assim, utilizar o conhecimento aqui apresentado é essencial para o manejo e conservação de B. itapetiningae. _____________________________________________________________________________ CAPÍTULO II As atuais taxas de desmatamento do Cerrado estão reduzindo rapidamente as opções de conservação na região. Em tal cenário, a modelagem de distribuição geográfica pode ser uma ferramenta útil no planejamento conservacionista e manejo da fauna silvestre. O objetivo geral deste trabalho foi propor estratégias de conservação para Bothrops itapetiningae a partir da modelagem potencial de sua distribuição geográfica. A frequência dos resultados em todos os estados diminuíram quase completamente nos últimos 10 anos. O último registro da espécie em coleções científicas foi em 2004. As variáveis mais importantes para modelagem de B. itapetiningae mostram que a espécie tem preferencia por localidades típicas dos planaltos e chapadas da parte sul do Cerrado, onde a topografia favorece maior umidade e temperaturas mais amenas. As distribuições dos cenários permissivo e restritivo modelados para B. itapetiningae abrangeu uma área aparentemente grande. No entanto, esta área inclui zonas muito afetadas pela urbanização, desmatamentos e fronteiras agrícolas. O cenário permissivo e o restritivo do futuro (2050) mostraram que as áreas sobrepostas com as fitofisionomias abertas do Cerrado poderiam colocar B. itapetiningae com status de ameaça vulnerável (VU) à extinção. De acordo com o cenário restritivo do presente com a sobreposição do mapa de remanescentes de áreas abertas e utilizando a ferramenta do GeoCAT com as localidades recentes, sugere-se que B. itapetiningae deixe de ter o status de menos preocupante (LC) de acordo com a IUCN e seja considerada espécie em perigo de extinção (EN) (Critério: A2a; B2bii,iii).