Documentos de trabajo
On measuring social tensions: with applications to Brazil
Fecha
2017-12Autor
Neri, Marcelo Côrtes
Kakwani, Nanak
Institución
Resumen
There are a number of different types of social tensions that can generate social unrest. Starting from standard inequality and poverty concerns to the ones related to temporal fluctuations in living standards including both sistemic and idiosyncratic sources of risk. These social tensions may also include social groups immobility, polarization and middle class related considerations. This paper provides a common methodology to model different sources of social tensions and applies it to the recent Brazilian experience. Existem diferentes tipos de tensões sociais que podem gerar manifestações populares. Seja por preocupações acerca do nível de desigualdade e pobreza, como também por flutuações temporais no padrão de qualidade de vida através de fontes de riscos sistêmicos ou idiossincráticos. Estas tensões sociais também podem ser geradas por conta da imobilidade observada entre os grupos sociais, polarização e questões relacionadas às chamadas classes médias. Este artigo utiliza uma metodologia comum para modelar diferentes fontes de tensões sociais, aplicando-a sobre a experiência recente brasileira. Em todos os casos, nós começamos apresentando valores normativos explícitos associados a cada tensão social, dando ênfase para a especificação das respectivas funções de bem-estar social como em Atkinson (1970). Essa abordagem permite um tratamento rigoroso para as consequências dos valores normativos assumidos inicialmente nas diferentes dimensões. Por exemplo, nós demonstramos para uma classe inteira de tensões sociais associadas à pobreza que elas irão sempre diminuir caso haja uma taxa de crescimento positivo com desigualdade em situação neutra. Assim, o crescimento com desigualdade neutra reduz as tensões provenientes da pobreza, mas por definição não tem qualquer impacto sobre a tensão proveniente da desigualdade. Enquanto a abordagem baseada na função de bem-estar social está bem estabelecida na literatura sobre desigualdade, e em menor medida em pobreza ela ainda não está igualmente desenvolvida em diversos outros casos. Em particular, uma abordagem baseada na função de bem-estar social ainda não foi implementada para analisar questões sobre polarização e também associadas as definições de classe média. Esta é uma inovação proposta neste artigo. Nós também endereçamos as tensões sociais relacionadas à volatilidade macroeconômica e à imobilidade social relativa. A principal contribuição deste trabalho é modelar e mensurar, lado a lado, diferentes fontes de tensões sociais e discutir suas implicações na prática. Nós calculamos vários níveis e tendências de tensões sociais no país entre 1992 e 2014 utilizando microdados obtidos em pesquisas domiciliares nacionais. A recente experiência brasileira se torna um caso de estudo interessante porque combina melhorias em estabilidade, equidade e crescimento da renda domiciliar, cuja influência sobre a tensão na sociedade precisava ser quantificada. Em primeiro lugar, nas últimas duas décadas houve uma crescente estabilização nas flutuações da renda individual e agregada do país. Além disso, houve uma retomada do crescimento na última década, verificada especialmente nas rendas domiciliares, com um crescimento na equidade das rendas individuais e entre grupos socioeconômicos. Como consequência desse processo, podemos compreender melhor a relação entre essas causas primitivas das mudanças no bem-estar social e outros subprodutos, como a emancipação da pobreza e a emergência de uma nova classe média.