Article (Journal/Review)
Desenhando a resistência: estética e contra-hegemonia no movimento agroecológico no Brasil
Fecha
2017-06-01Registro en:
Cadernos EBAPE.BR. Fundação Getulio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, v. 15, n. 2, p. 309-325, 2017.
1679-3951
10.1590/1679-395163488
S1679-39512017000200309.pdf
S1679-39512017000200309
Autor
Naves, Flávia
Fontoura, Yuna Souza dos Reis da
Institución
Resumen
This theoretical and empirical article contributes to Organizational Studies by debating social movements, especially the agroecological movement, which has been established as a resistance to the hegemony of agribusiness in Brazil. In addition, the study provides a non-conventional theoretical and empirical 'bridge' in this field, including studies in aesthetics and the Neo-Gramscian theory of discourse developed by Laclau and Mouffe. In this context, considering the concepts of aesthetics and a Neo-Gramscian discourse analysis on hegemony and antagonism, the aim of this article is to investigate how the aesthetic expressions influence the Brazilian agroecological movement in building a counter-hegemony in the country's agriculture practices. The research adopts a qualitative methodological approach from the analysis of drawings produced by farmers in the III National Meeting of Agroecology (III ENA), in graphic facilitation panels. It is possible to observe that the aesthetics in the panels of the III ENA allowed farmers to re-design their worldviews, to disclose their concerns, realities and local agricultural alternatives. The panels helped to provide practical guidance, design proposals and build legitimacy for the movement, elements that became central to the counter-hegemonic values and to build the common enemy. The complexity expressed in the relationships built in the panels also stressed that aesthetics can bring an effective, affordable and sensitive perspective in the construction of worldviews of subaltern groups. Thus, the Brazilian agroecological movement, also built through the aesthetic perspective, is revealed as an important resistance to the hegemony of agribusiness and the capitalist model.. No presente artigo teórico-empírico, busca-se contribuir para os Estudos Organizacionais trazendo para o debate os movimentos sociais, em especial o movimento agroecológico, que tem se constituído como meio de resistência à hegemonia do agronegócio no Brasil. O estudo estabelece também uma 'ponte' teórico-empírica não convencional, neste campo disciplinar, entre estudos em estética e abordagem neogramsciana de discurso em Laclau e Mouffe. Desse modo, à luz dos conceitos de estética e da análise neogramsciana de discurso em hegemonia e antagonismo, investigou-se de que forma as expressões estéticas influenciam a construção da contra-hegemonia no movimento agroecológico brasileiro. A pesquisa adota uma metodologia com enfoque qualitativo na análise de desenhos produzidos por agricultores e agricultoras no III Encontro Nacional de Agroecologia (III ENA), denominados de Painéis de Facilitação Gráfica. Ao final, é possível observar que a estética dos painéis do III ENA permitiu aos agricultores e agricultoras a (re)construção de suas visões de mundo, a divulgação de suas inquietações, realidades e alternativas agrícolas locais, e, principalmente, a orientação de práticas, propostas e legitimação do movimento, que passaram a ser centrais aos valores contra-hegemônicos e na construção de um inimigo comum. A complexidade expressa nas relações construídas nos painéis também ressaltou que a estética pode trazer uma perspectiva efetiva, acessível e sensível na construção das visões de mundo de grupos subalternos. Dessa forma, o movimento agroecológico brasileiro, construído também na perspectiva estética, revela-se como importante ator na resistência à hegemonia do agronegócio e ao modelo capitalista. En este trabajo teórico-empírico se intenta contribuir a los estudios organizacionales trayendo a debate los movimientos sociales, especialmente el movimiento agroecológico, que se ha constituido como medio de resistencia a la hegemonía de la agroindustria en Brasil Además, el estudio establece un puente teórico-empírico no convencional entre los estudios de estética y el enfoque neogramsciano del discurso en Laclau y Mouffe. En este contexto, a la luz de los conceptos de la estética y del análisis neogramsciano de la hegemonía del discurso y el antagonismo, se investigó cómo las expresiones estéticas influyen en la construcción de la contrahegemonía en el movimiento brasileño agroecológico. La investigación adopta una metodología con enfoque cualitativo en el análisis de los diseños producidos por agricultores y agricultoras en el III Encuentro Nacional de Agroecología (III ENA), denominados Paneles de Facilitación Gráfica. Al final, llegamos a la conclusión de que la estética de los paneles del III ENA permitió a los agricultores y agricultoras la (re) construcción de su visión de mundo, la divulgación de sus preocupaciones, realidades y alternativas agrícolas locales y, especialmente, la orientación de prácticas, propuestas y legitimación del movimiento que se convirtieron en el centro de los valores contrahegemónicos y la construcción de un enemigo común. La complejidad expresada en las relaciones construidas en los paneles también resaltó que la estética puede aportar perspectivas eficaces, asequibles y sensibles en la construcción de visiones de mundo de los grupos subalternos. Por lo tanto, el movimiento agroecológico de Brasil, también construido en la perspectiva estética, se revela como una importante resistencia a la hegemonía de la agroindustria y al modelo capitalista.