Thesis
Saliva como espécime clínico para o estudo da hepatite A: aplicação no diagnóstico, na epidemiologia molecular e na patogênese
Fecha
2010Registro en:
AMADO, Luciane Almeida. Saliva como espécime clínico para o estudo da hepatite A: aplicações no diagnóstico, na epidemiologia molecular e na patogênese. 2010. 148 f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2010.
Autor
Amado, Luciane Almeida
Institución
Resumen
No Brasil, surtos de hepatite A em comunidades fechadas, principalmente em creches e escolas, constituem um importante problema para a saúde pública, que requerem investigação epidemiológica e rápida intervenção de controle, devido ao risco de propagação “silenciosa” para as comunidades próximas. Entretanto, a coleta de sangue é invasiva e dolorosa o que dificulta o acesso à população infantil para a realização do diagnóstico, muitas vezes inviabiliza o estudo epidemiológico quando este envolve um número grande de indivíduos. A coleta de amostras de saliva como uma alternativa, oferece potenciais vantagens, pois se trata de uma coleta não-invasiva, indolor e rápida. A fim de avaliar a utilização da saliva como espécime clínico para o diagnóstico e estudos epidemiológicos da hepatite A, estudos foram conduzidos a partir de amostras pareadas de saliva/soro de pacientes envolvidos em um surto de hepatite A. No primeiro estudo, otimizamos métodos para detecção de anticorpos anti-HAV e do HAV-RNA em amostras de saliva. Neste estudo, observamos sensibilidade e especificidade do teste de detecção de anti-HAV IgM na saliva de 96% e 98%, respectivamente. Após estabelecer os protocolos para detecção do HAV RNA, verificamos uma alta freqüência de detecção de HAV RNA em amostras de saliva tanto de pacientes em fase aguda como em pacientes em período de “janela iminológica” (37,2%). O estudo da epidemiologia molecular conduzido durante o surto revelou co-circulação dos dubgenótipos IA e IB do HAV e a ocorrência de casos de co-infecção por subgenótipos diferentes do HAV entre as amostras pareadas de soro e saliva. Este resultado nos levou a investigação de uma possível replicação extrahepática do HAV em glândulas salivares, através de um estudo de infecção experimental em cinomolgos. Neste estudo constatamos a presença do antígeno viral nos hepatócitos e nas glândulas submandibulares dos animais infectados. Através da detecção do replicativo intermediário do HAV, observou-se uma replicação ativa do HAV nas glândulas submandibulares dos animais infectados experimentalmente. Este trabalho demonstrou a aplicabilidade das amostras de saliva para o diagnóstico da hepatite A e sua importância para estudos de epidemiologia molecular. Os dados deste presente estudo esclareceram alguns aspectos da patogênese do HAV como a ocorrência de replicação extrahepática em glândulas salivares, sugerindo a possibilidade de transmissão do HAV através da saliva.