Dissertation
Desenvolvimento e avaliação de um programa educativo relativo à asma dedicado a farmacêuticos de uma rede de farmácias de Minas Gerais
Fecha
2006Registro en:
FRADE, Josélia Cintya Quintão Pena. Desenvolvimento e avaliação de um programa educativo relativo à asma dedicado a farmacêuticos de uma rede de farmácias de Minas Gerais. 2006. 208 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)-Centro de Pesquisa René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2006.
Autor
Frade, Josélia Cintya Quintão Pena
Institución
Resumen
INTRODUÇÃO: A morbimortalidade por asma tem sido associada principalmente ao subdiagnóstico e
ao tratamento inadequado. Essa doença representa uma grande parcela dentro dos custos com
cuidados à saúde em vários países. Estima-se que 30% dos custos diretos, incluindo medicamentos,
consultas médicas e despesas hospitalares, derivam de um controle inadequado e, portanto,
passíveis de serem evitados ou reduzidos. Há ainda custos indiretos relacionados ao absenteísmo ao
trabalho e à escola, a perda de produtividade, a morte precoce e o sofrimento humano que afeta o
paciente e sua família. O baixo controle da asma tem sido associado à falta de conhecimentos e
habilidades dos profissionais de saúde, pacientes e familiares sobre a doença e terapia inalatória.
Apesar da via inalatória ser considerada a de eleição no tratamento, ela possui como principais
desvantagens: a necessidade de conhecimentos e habilidades por parte dos usuários e familiares,
além de um esforço educativo por parte dos profissionais de saúde. A literatura revela que o uso
incorreto da técnica inalatória entre os usuários é elevado, superior a 50% na maioria dos estudos
publicados. Outros estudos identificaram também falta de habilidade em grande parte dos
profissionais de saúde investigados, agravando a situação. A Educação em Saúde (ES) é uma
alternativa recomendada e com resultados positivos no caso da asma. Porém, em nosso país, são
escassos os trabalhos desta natureza e não existe nenhuma iniciativa de programa de formação
dedicado aos farmacêuticos, relativo ao manejo desta doença. Portanto, na perspectiva da ES, foi
desenvolvido um programa educativo relativo à asma (PEA) para esses profissionais.
OBJETIVO GERAL: Desenvolver e avaliar um PEA dedicado a um grupo de farmacêuticos
funcionários de uma rede de farmácias em Belo Horizonte, visando ampliar o conhecimento sobre a
asma, melhorar a habilidade de uso da terapia inalatória e maior participação no controle dessa
doença.
METODOLOGIA: A intervenção educativa (PEA), foi idealizada seguindo as etapas propostas por
BEDWORTH (1992): diagnóstico, planejamento, implantação e avaliação (estrutura, processo e
resultados, segundo modelo de Donabedian). As estratégias adotadas compreenderam: um programa
de formação e a construção compartilhada de materiais educativos. A carga horária foi distribuída em
12 horas para a parte teórica e 9 horas para a parte prática. Na etapa que contemplou a interação
destas duas abordagens, foram necessárias 25 horas para a prática em comunidade e quatro horas
para cada uma das 10 oficinas para desenvolvimento de habilidades aplicadas pelos farmacêuticos
aos balconistas. Além dessas, cada palestra realizada nas escolas teve duração de cerca de uma
hora.
Para descrever e analisar a implantação e os efeitos do PEA, realizou-se um estudo de caso, de
caráter exploratório. Os dados foram coletados por meio de questionários, entrevistas e grupos
focais, no início e final da pesquisa. A análise qualitativa dos dados foi orientada por BARDIN (1977).
RESULTADOS: Participaram do estudo 25 farmacêuticos, sendo a maioria mulheres, com idade
superior a 30 anos, a mediana do tempo de formados sendo nove anos. Observou-se que 88% do
grupo estudado assumia função gerencial da farmácia além das atividades técnicas e a principal fonte
de informação utilizada no caso da asma era a bula de medicamentos. O baixo nível de
conhecimentos e habilidades prévias foi associado à falta de formação relativa à doença em questão
e ao fato dos produtos apresentarem lacre, não havendo iniciativa por parte dos profissionais de
testar o seu uso.
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Observou-se ao final da pesquisa grande satisfação dos atores envolvidos com o processo
vivenciado, revelada na avaliação de estrutura, processo e resultados do programa. Dentre os
materiais educativos construídos, os mais valorizados foram o livro de técnicas de uso dos
dispositivos inalatórios e um “kit” de placebos para simulação junto aos usuários. A análise dos
resultados propriamente dita demonstrou um aumento de conhecimento sobre asma e
desenvolvimento de habilidades para identificar, classificar, utilizar os dispositivos inalatórios
trabalhados (10 técnicas), além de maior capacidade para identificar problemas no processo de uso
dos inaladores. Relatos evidenciaram uma tendência a novas atitudes e maior percepção dos
profissionais sobre o seu papel no controle dessa doença.
O programa alcançou ainda 153 balconistas que participaram das oficinas práticas, mais de 2.500
pessoas que foram atendidas durante a “campanha da asma”, cerca de 3.000 alunos de escolas
públicas que assistiram as 90 palestras ministradas pelos farmacêuticos que participaram do
processo educativo e 50 estudantes de farmácia e fisioterapia que atuaram como monitores no
trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: O programa de formação avaliado demonstrou ser uma estratégia para
fazer cumprir as metas iniciais propostas pelo Fórum Farmacêutico Europeu (1998), em relação à
atuação dos farmacêuticos junto às pessoas com asma. Assim, em curto período de tempo, o
aumento de conhecimento, a maior habilidade de uso da TI e de comunicação para orientação dos
usuários dotou os profissionais de segurança para responder às necessidades dos pacientes, o que
indicou o potencial do PEA para um maior controle dessa doença no nível primário.