doctoralThesis
Como morre uma mulher? : configurações da violência letal contra mulheres em Pernambuco
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Autor
Gomes, Ana Paula Portella Ferreira
Institución
Resumen
Esta tese tem como tema os homicídios de mulheres em Pernambuco e seu objetivo foi compreender e analisar as dinâmicas sociais que produzem este tipo de violência. O objeto do estudo foi o conjunto das situações as mulheres são assassinadas, mas, para isso, foi necessário também observar o conjunto das situações de homicídios de homens, para não tomar como específico aquilo que é comum aos dois grupos populacionais. Para isso, realizou-se análise comparativa para identificar as situações nas quais homens e mulheres são assassinados e construir configurações de homicídios específicas; identificar semelhanças e diferenças entre as configurações de homens e mulheres; calcular e analisar o risco diferencial de homens e mulheres para elementos associados às configurações de homicídios; identificar e explicar os fatores associados aos homicídios de homens e mulheres e explicar as configurações de homicídios de mulheres e os contextos nos quais elas ocorrem. Tratou-se de estudo quantitativo, cujas fontes de informações foram o banco de crimes violentos letais intencionais da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, o DATASUS e o IBGE, para o período de 2004 a 2012. Os dados foram analisados por meio de análise de correspondência, análise log-linear e regressão linear multivariada. As principais referências teórico-metodológicas situam-se nas abordagens configuracionais e situacionais, em diálogo com a teoria social feminista e a sociologia brasileira. Foram identificadas quatro configurações de homicídios: criminalidade, violência doméstica e familiar, violência interpessoal e violência cometida por parceiro íntimo. A primeira atinge homens e mulheres. A violência interpessoal foi associada aos homens e a violência doméstica e aquela cometida por parceiro íntimo, às mulheres. A distribuição das configurações no território do estado não é homogênea e está associado a fatores macrossociais como, por exemplo, desigualdade de renda e taxa de urbanização, e a fatores relacionados às desigualdades de gênero, como chefia feminina do domicílio e taxa de fecundidade total. Os resultados demonstram que os contextos dos homicídios de mulheres são diversificados e obedecem a dinâmicas sociais distintas, nas quais o marcador de gênero está sempre atuante, mas nem sempre da mesma forma. Esses achados trazem desafios teóricos, no sentido de compreender os modos de articulação entre contextos tradicionais e atuais de violência contra as mulheres, o que, por sua vez, coloca desafios para as políticas públicas, no sentido de articular o campo da segurança pública com as políticas para as mulheres. CNPq