doctoralThesis
Paisagem-postal: a imagem e a palavra na compreensão de um Recife urbano
Registro en:
Autor
VERAS, Lúcia Maria de Siqueira Cavalcanti
Institución
Resumen
Com o objetivo de capturar a noção de paisagem urbana com vistas à sua conservação, esta
pesquisa procura identificar “paisagens-postais” na cidade do Recife, a partir da “imagem”
e da “palavra” a elas subjacentes, materializadas como paisagens com valor de “cartãopostal”.
Apoia-se no ensaio pioneiro de Georg Simmel (1913) sobre a filosofia da
paisagem e em teóricos como o francês Augustin Berque e o inglês Gordon Cullen, entre
outros, para discutir a “imagem” e a “palavra” na captura da noção de paisagem a partir da
construção dos modernos edifícios Píer Duarte Coelho e Píer Maurício de Nassau e da
possível implantação do Projeto Novo Recife, tendo como interlocutores especialistas,
artistas e moradores dos bairros históricos de São José e Santo Antônio. Foram utilizados
métodos qualitativos e quantitativos, aplicando-se entrevistas semiestruturadas a um
conjunto de setenta e oito pessoas, entre arquitetos, arquitetos legisladores, legisladores,
empreendedores, fotógrafos, cineastas, pintores, geógrafos, historiadores, produtores
culturais e moradores do bairro de São José e da cidade de Olinda. Quatro constatações
sintetizam a apreensão da paisagem: a de que o valor histórico da arquitetura que destaca
os monumentos em São José e Santo Antônio é uma “paisagem-postal” que exclui os
modernos edifícios; a de que a vida vivida que se manifesta na linha de chão alimentada
pelo comércio popular em São José e Santo Antônio também é uma “paisagem-postal”
independentemente dos modernos edifícios e da ausência do planejamento e da gestão
pública; a de que, enquanto entre os arquitetos há certa incompreensão das noções de
“paisagem” e de “paisagem urbana”, expressa na legislação que rege os destinos da cidade,
entre os cineastas, o olhar privilegiado que justapõe “imagens” e “palavras”, revela, em
découpages cinematográficas, a forte referência de que essa “paisagem-postal” – São José
e Santo Antônio – encarna a história da cidade e das pessoas e que assim, os modernos
edifícios não comparecem às suas lentes; e, por fim, a de que é possível extrair a paisagem
da vida vivida por um método de captura que envolva a arte e a empiria para incorporá-la
ao planejamento e gestão urbana. Aos arquitetos cabe extrapolar os limites da legislação e
inserir a compreensão de paisagem no ato de pensar e projetar a cidade.