doctoralThesis
Síndrome hepatopulmonar em pacientes com hipertensão portal e varizes esofágicas por esquistossomose mansônica e doença hepática crônica mista
Registro en:
Autor
MACÊDO, Liana Gonçalves de
Institución
Resumen
A síndrome hepatopulmonar representa uma grave complicação da doença hepática ou
hipertensão portal e confere pior prognóstico aos pacientes cirróticos candidatos ao
transplante de fígado, que têm este procedimento como única possibilidade de cura. Esta tese
teve como objetivo verificar a ocorrência da síndrome hepatopulmonar em pacientes com
hipertensão portal. Para tanto, foram selecionados os pacientes atendidos nos ambulatórios de
Esquistossomose e de Hepatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Pernambuco, no período de abril de 2010 a junho de 2012. Os resultados do estudo são
apresentados no formato de dois artigos. O ARTIGO 1 (Ocorrência de síndrome
hepatopulmonar em pacientes com hipertensão portal e varizes esofágicas com e sem
cirrose: estudo de corte transversal) descreve um estudo de corte seccional com
comparação entre os grupos com e sem síndrome hepatopulmonar. De um total de 1.475
pacientes avaliados, incluíram-se 129 com hipertensão portal e varizes esofágicas por
esquistossomose hepatoesplênica e doença hepática crônica mista. A média de idade foi de 56
anos e 56% eram do sexo masculino. A ocorrência da síndrome hepatopulmonar foi de 35,7%
(95% de Intervalo de Confiança [IC]: 27,3 – 44,0) e foi mais frequente naqueles com aranhas
vasculares (Odds Ratio [OR]: 2,86; IC: 1,20-6,82; p = 0,018) e com Child-Pugh B/C (OR:
2,99; CI: 1,36-6,58; p = 0,007) e se associou à menor média de albumina (p = 0,006), maior
média de bilirrubina total (p = 0,020), bilirrubina direta (p = 0,025) e do MELD (p = 0,007).
Em relação à causa da hipertensão portal, a síndrome hepatopulmonar foi mais frequente nos
pacientes com doença hepática mista (42,6%) quando comparada àqueles com
esquistossomose hepatoesplênica pura (27,9%). No modelo multivariado final permaneceram
associados à síndrome hepatopulmonar a idade, aranhas vasculares e bilirrubina direta. Em
conclusão, a ocorrência da síndrome hepatopulmonar foi elevada neste estudo que envolveu
pacientes com hipertensão portal, sendo mais frequente naqueles com maior grau de
comprometimento da função hepática. O ARTIGO 2 (Síndrome hepatopulmonar na
hipertensão portal não cirrótica por esquistossomose hepatoesplênica: uma série
prospectiva), descreve uma série de casos na qual avaliaram-se 61 pacientes com hipertensão
portal por esquistossomose hepatoesplênica e varizes esofágicas, com média de idade de idade
de 55 anos, sendo 67% do sexo feminino. O sangramento digestivo prévio ocorreu em 59%
dos pacientes. A ocorrência da síndrome hepatopulmonar foi de 28% (IC: 16,3 - 39,4) sendo
mais frequente nos pacientes com fibrose periportal padrão D (29,4%) quando comparado ao
padrão E/F (27,3%) e os pacientes com a síndrome hepatopulmonar apresentaram maior diâmetro de veia porta e esplênica quando comparados àqueles sem a síndrome, mas sem
diferenças significativas. A síndrome hepatopulmonar se associou à maior média de
bilirrubina total (p = 0,047), bilirrubina direta (p = 0,031) e de INR (p = 0,021). Em
conclusão, a ocorrência da síndrome hepatopulmonar foi elevada nesta série, possivelmente
pelos níveis elevados de hipertensão portal e foi mais frequente naqueles que apresentavam
indícios de comprometimento da função hepática, provavelmente consequente à ocorrência de
sangramentos digestivos.