doctoralThesis
Associação entre esquistossomose mansônica e translocação bacteriana / sepse: perfil de citocinas na infecção crônica em camundongos submetidos à esplenectomia
Registro en:
WEBER SOBRINHO, Carlos Roberto UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Associação entre esquistossomose mansônica e translocação bacteriana/sepse: perfil de citocinas na infecção crônica em camundongos submetidos à esplenectomia. Recife, 2012. 188f. : Tese(doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Medicina Tropical, 2012.
Autor
Weber Sobrinho, Carlos Roberto
Institución
Resumen
Os helmintos são amplamente reconhecidos como organismos reguladores da resposta imune do seu hospedeiro. Um imunomodulador e potente indutor da resposta Th2 é o Trematódeo Schistosoma mansoni que no Brasil, é a espécie que apresenta as taxas mais alarmantes de infecção, principalmente no Nordeste do País. É de amplo conhecimento que a esquistossomose é um fator promotor de bacterioses, sendo descrita também a interação do S. mansoni com bactérias gram-positivas e bactérias anaeróbias. Alguns estudos estabelecem que mesmo com a realização da esplenectomia, os doentes não desenvolvem quadros sépticos graves nos primeiros dias de pós-operatório, assim como não há registro de tais complicações, de forma significativa, durante a história de sua afecção. Outros verificaram a ocorrência de infecção severa pós-esplenectomia (OPSI) caracterizando-as como sepse fulminante, meningite ou pneumonia, ocasionada, na maioria dos episódios, por S. pneumoniae, N. meningitidis e H. influenzae tipo B. Desta forma, não se sabe ao certo se a esquistossomose favorece a translocação microbiana e sepse ou se, em virtude de sua resposta imunológica característica, existe uma proteção do hospedeiro vertebrado contra esse processo e suas consequências. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar o desenvolvimento de sepse através de alterações dos níveis de citocinas do perfil Th1 e Th2, comparando camundongos esquistossomóticos na fase crônica e sem infecção, submetidos ou não a esplenectomia. MATERIAIS E MÉTODO: 24 camundongos Swiss webster fêmeas (Mus musculus) com 35 dias de nascidos foram infectados por suspensão com aproximadamente 50 cercarias e a mesma quantidade de indivíduos foi selecionada para o grupo controle. Noventa dias após a exposição cercariana, 08 camundongos esquistossomóticos e 08 controles foram submetidos à esplenectomia total convencional, assim como 08 outros camundongos de ambos os grupos foram submetidos a cirurgia controle (Sham). Foram realizadas avaliações de contagem de ovos pelo método kato-katz 45 e 97 dias após infecção cercariana. Foram eutanasiados após 100 dias de infecção. Para estudo da Translocação bacteriana (TB), foi coletado sangue periférico, fragmentos de linfonodos mesentéricos, baço e fígado. Para a investigação da microbiota, as fezes foram coletadas da região média do intestino delgado. Foi realizado ensaio multiplex com sangue coletado por punção cardíaca para dosar os níveis séricos de IL-1β, IL-2, IL-4, Il-5, IL-10, IL-12 INF-γ, TNF-α, GM-CSF. RESULTADOS: No grupo esplenectomizado, todas as unidades amostrais tiveram sepse. O micro-organismo de maior frequência nas fezes e com TB foi a E. coli. Micro-organismos no baço, fígado e sangue foram encontrados em todos os indivíduos infectados do grupo esplenectomizados e em 62,5% dos infectados do grupo controle, sendo estes apenas no baço. A média do número de ovos por g/fezes foi maior no 45º dia que no 97º dia da infecção (p=0,005) em todos os subgrupos. Entretanto, a diferença foi encontrada apenas no subgrupo de Esplenectomizados (p<0,05), sendo a diferença na ovoposição antes e depois da esplenectomia de aproximadamente 79%. Em relação aos níveis médio de IL-2 e IL-4, não houve diferença nas comparações inter e intra-grupos, ou seja, não há efeito do procedimento nem da infecção. Observa-se que os níveis médios de IL-5 se diferenciam entre os grupos infectados e na análise intra-grupo há um aumento da IL-5 sob a condição da infecção. Diferença significativa na IL-10 foi observada quando comparados os infectados entre os três grupos, onde a média do IL-10 foi maior no grupo sem procedimento e Sham. Na avaliação dos níveis de IL-12, não foram observadas diferenças quando comparados os infectados entre grupos esplenectomizados, sham e sem procedimento. Na análise do TNF foi observada diferença quando comparados os infectados entre os grupos controle e Sham, onde a média do TNFα entre os controles foi maior. Na análise do INF observa-se grande variabilidade nos grupos infectados submetidos a esplenectomia e estresse cirúrgico, o que explica a não diferença entre eles quando comparados ao controle. Diferença no nível sérico de GM-CSF foi observada entre os infectados e não infectados do grupo Sham onde o grupo infectado apresentou concentração média maior. CONCLUSÃO: Esquistossomose crônica modifica a resposta imune e pode favorecer translocação, migração e sepse em camundongos fêmeas. Além disso, a asplênia aumenta a suscetibilidade a TB e doenças de origem séptica, por altera mesmo de maneira sutil o perfil imunológico. A polarização do perfil de resposta CD4+ influencia tais fenômenos.