doctoralThesis
Do corpo-máquina ao corpo-informação: o pós-humano como horizonte biotecnológico
Registro en:
Luis Alves de Lima, Homero; Henrique Novaes Martins Albuquerque, Paulo. Do corpo-máquina ao corpo-informação: o pós-humano como horizonte biotecnológico. 2004. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004.
Autor
Luis Alves de Lima, Homero
Institución
Resumen
A pesquisa analisa as formas de problematização das relações entre corpo e novas
tecnologias efetivadas pelas produções discursivas da mídia e do campo acadêmico.
Trata-se de pensar como a relação entre corpo e tecnologia vem se tornando uma
problemática, que práticas discursivas, associadas a uma dispersão de práticas
coexistentes e laterais, têm feito esta questão emergir como objeto para o pensamento.
As práticas discursivas analisadas indicam a configuração de uma nova formação
discursiva que nomeamos de pós-humana marcada por uma mutação
arqueológica: a passagem do corpo-máquina ao corpo-informação. A análise
demonstra que, se, por um lado, os discursos agenciados ao dispositivo das novas
tecnologias operam importantes desconstruções das oposições metafísicas
homem/máquina, humanos/não-humanos, natural/artificial, natureza/cultura que têm
sustentado o pensamento ocidental, particularmente seu veio antropocêntricohumanista,
ao revelar, por exemplo, momentos de indecidibilidade quanto à agência
humana; por outro, foi possível apreender no corpo dos discursos uma série de
ambigüidades que revelam dificuldades na ultrapassagem dessas oposições, momento
em que identificamos elementos de permanência, de continuidade e de repetição da
própria metafísica, como a oposição mente/corpo. Daí que a configuração de nova
formação discursiva não significar necessariamente uma superação da metafísica .
Identificamos que a multiplicidade de práticas imagético-discursivas que investem o
corpo hoje é delineada pelo a priori histórico da informação, definido pela junção da
cibernética, tecnologias da informação e biologia molecular, que estão na base das
práticas de digitalização e virtualização dos corpos. É nesse solo arqueológico que
acreditamos encontrar a condição de possibilidade das novas configurações em que se
inscrevem os discursos sobre corpo ciborgue, corpo informação, corpo pós-humano,
que hoje vemos plasmar tanto a mídia como o campo acadêmico. De uma perspectiva
arqueo-genealógica, entendemos que essas práticas discursivas estão elas mesmas
ancoradas em novas modalidades de poder-saber que acabam por dar ensejo a uma
indefinida possibilidade plástica de operar com o corpo devendo por isso mesmo ser
tematizadas no âmbito do diagrama das forças que as cartografam