doctoralThesis
Apnéia obstrutiva do sono: correlação entre gravidade da síndrome, estresse oxidativo e sintomas depressivos e ansiosos
Registro en:
Maria Ribeiro Franco, Clélia; Ataíde Júnior, Luiz. Apnéia obstrutiva do sono: correlação entre gravidade da síndrome, estresse oxidativo e sintomas depressivos e ansiosos. 2009. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciência do Comportamento, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.
Autor
FRANCO, Clélia Maria Ribeiro
Institución
Resumen
A Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é considerada um transtorno
respiratório relacionado ao sono, caracterizada por episódios repetitivos de completa
(apnéia) ou parcial (hipopnéia) obstrução da passagem do ar na via aérea superior
(VAS) durante o sono, em vigência de esforço respiratório. A fisiopatologia da
obstrução da VAS na SAOS é multifatorial, levando a situação crônica recorrente de
hipoxemia intermitente e reoxigenação em sono, mantendo estado de estresse
oxidativo, que parece ser a chave das manifestações fisiopatológicas da SAOS,
estando associada ao desenvolvimento de várias complicações sistêmicas de alta
morbi-mortalidade, tais como a obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica,
hipertensão arterial e doenças cárdio e cérebrovascular, transtornos
neuropsiquiátricos, além do aumento do risco de acidentes de trabalho e de trânsito,
podendo ter desfecho fatal. Este estudo é um ensaio clínico, aberto, transversal e
comparativo, cujo objetivo geral foi avaliar a correlação entre a gravidade da SAOS,
marcadores de estresse oxidativo e presença de sintomas depressivos e ansiosos em
pacientes portadores da SAOS. Estudamos 38 adultos, do sexo masculino, com
diagnóstico de SAOS por polissonografia de noite inteira, com idade entre 18-60
anos, divididos em 3 grupos: Grupo I: 10 indivíduos com SAOS de grau leve (IAH
entre 5-14,9/hora); Grupo 2: 13 indivíduos com SAOS de grau moderado (IAH
entre 15-30/hora); Grupo 3: 15 indivíduos com SAOS grave (IAH > 30/hora).
Todos foram avaliados para nível de sonolência subjetiva utilizando a escala de
Epworth, para sintomas depressivos e ansiosos pelas escalas de Hamilton depressão
(HAM-D) e ansiedade (HAM-A) e para parâmetros do estado de estresse oxidativo,
dosando radical superóxido e nitratos e nitritos séricos. Houve aumento progressivo
e significativo do estado de estresse oxidativo (p < 0,05), no escore total de sintomas
depressivos (p=0,001) e no escore geral dos sintomas ansiosos (p=0,004)
diretamente proporcional a gravidade da apnéia, comparando os grupos leve e grave.
Foram verificadas correlações positivas entre a produção de superóxido e o índice
apnéia-hipopnéia (IAH) (r= 0,48), escore de sonolência de Epworth (r= 0,36) e com
o escore de Hamilton-depressão (HAM-D) (r= 0,40); entre os níveis de nitritos e
nitratos séricos e o SpO2mín (r= 0,44); entre o IAH e os escores HAM-D (r=0,51) e
escore HAM-A (r=0,40). Foram observadas correlações negativas entre o IAH e os
níveis de nitritos e nitratos séricos (r= -042), entre a produção de superóxido e a
SpO2 mín (r= -0,31), entre os níveis de nitritos e nitratos séricos e os escores HAMD
(r= -0,50) e HAM-A (-0,42) e entre a SpO2 mín e os os escores HAM-D (r= -
0,48) e HAM-A (r= -0,40). Conclusões: a) Indivíduos portadores de SAOS
apresentam aumento na produção de radical superóxido e redução nos níveis de
nitritos e nitratos séricos, sinais objetivos de um estado de estresse oxidativo. b)
Quanto maior a gravidade da SAOS, maior fragmentação do sono e maior
hipoxemia noturna, mais grave é o estado de estresse oxidativo e maior é a
incidência de sintomas diurnos, principalmente sonolência, sintomas depressivos e
ansiosos Universidade Federal de Pernambuco