masterThesis
Craniotomia descompressiva em janela - relato de dez casos
Registro en:
Max Felix Mendonça, Caio; Moraes Valença, Marcelo. Craniotomia descompressiva em janela - relato de dez casos. 2010. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciência do Comportamento, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
Autor
Max Felix Mendonça, Caio
Institución
Resumen
A craniotomia descompressiva (CD) é uma técnica utilizada desde o início do século para o
controle da hipertensão intracraniana (HIC) refratária a medidas clínicas, posturais e
ventilatórias. É utilizada como medida salvatória em várias afecções sendo as mais comuns:
traumatismo cranioencefálico (TCE) grave e nos acidentes vasculares encefálicos (AVE)
isquêmicos ou hemorrágicos. O manejo neurointensivo evoluiu muito nos últimos anos mas
algumas vezes a pressão intracraniana (PIC) é refratária ao melhor tratamento otimizado. A
CD tem apresentado impacto positivo na diminuição da mortalidade em várias series de casos,
mas a sua utilização segue como opção, pois não existem ainda estudos classes I e II. Nas
injúrias cerebrovasculares a HIC é causada por infarto cerebral maligno, onde ocorre isquemia
tecidual extensa e edema cerebral reacional. A compressão do tecido cerebral injuriado e
edemaciado contra estruturas rígidas da caixa craniana como osso e tentório aumentam a
isquemia tecidual piorando o edema e dando início a um ciclo vicioso de HIC refratária. No
caso da hemorragia intracerebral, o efeito de massa do hematoma intraparenquimatoso com
isquemia perilesional e edema reacional dão início a cascata de eventos que culmina em HIC
intratável. Apesar da CD ser comprovadamente eficaz no controle da HIC complicações
inerentes à técnica operatória como a forma de armazenar o flap ósseo e a necessidade de um
procedimento adicional para a recompor a calota craniana. Complicações tardias causadas
pelas mudanças na dinâmica liquórica e no metabolismo cerebral como a hidrocefalia e a
síndrome do trefinado também podem acontecer. Tais complicações são fatores desfavoráveis
à realização da CD. A craniotomia descompressiva em janela (CDJ) foi pensada como uma
forma de minimizar essas complicações, mas mantendo a eficácia no controle da PIC,
preserva a conformação da calota craniana e permite uma resolução gradual do edema
cerebral. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão na literatura sobre CD e
relatar uma série de 10 casos submetidos à CDJ. Os pacientes apresentavam injúria cerebral
grave sendo metade de origem traumática e os demais de origem vascular; isquêmicos em sua
maioria. Os critérios de exclusão foram idade ≤ a 10 ou ≥ a 70 anos e escore ≤ a 4 da escala
de coma de Glasgow e a presença de coagulopatias. O método utilizado foi o quantitativo,
descritivo, prospectivo, transversal, e de intervenção com o seguimento mínimo de 12 meses.
Os pacientes foram atendidos durante o período de junho de 2008 a setembro de 2009 na
emergência de quatro hospitais dois em Caruaru e dois em Recife-PE. O estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Pernambuco sob o N° 262/08. A amostra
tem idade média de 37 anos e foi predominantemente masculina. Os pacientes submetidos a
essa nova técnica apresentaram evolução satisfatória, não houve óbito relacionado ao
procedimento, 90% dos pacientes apresentaram resultado estético satisfatório e não
necessitaram de cranioplastia e nenhum paciente apresentou hidrocefalia ou infecção do couro
cabeludo. Estudos posteriores comparando a técnica proposta e a técnica clássica com um
número maior de sujeitos, deverão ser realizados para demonstrar se a CDJ evolue com
resultados melhores, com menor mortalidade e evolução neurológica com menor grau de
incapacidade