masterThesis
As máscaras da razão : memórias da loucura no Recife durante o período do Estado Novo (1937-1945).
Registro en:
Concepta Padovan, Maria; Paulette Yves Rufino Dabat, Christine. As máscaras da razão : memórias da loucura no Recife durante o período do Estado Novo (1937-1945).. 2007. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.
Autor
Concepta Padovan, Maria
Institución
Resumen
O período do Estado Novo (1937-1945) caracterizou-se por um momento de organização social,
baseado na moralidade e religiosidade expressadas através da família. Neste contexto, a psiquiatria
encontrou espaço para seu desenvolvimento, atuando juntamente ao governo, de forma que a ordem
fosse preservada a partir não mais de um simples processo de exclusão, mas da prevenção e
reintegração da loucura. Este processo foi trabalhado de acordo com a teoria genealógica de Michel
Foucault, que vê a loucura como algo que não possuí natureza ou essência própria, mas um
sentido que lhe é conferido por determinados grupos sociais em cada período. Neste sentido,
procurou-se estudar as formas pelas quais os diversos grupos sócio-culturais representantes da
população do Recife viram-se alvos da perseguição policial e médica. A partir do estudos de artigos
da época, elaborados pela própria psiquiatria (tanto com fins científicos como instrutivos), além dos
próprios prontuários psiquiátricos (que podem fornecer informações preciosas até mesmo a partir de
sua estrutura de dados), a loucura foi sendo traçada como a desobediência dos padrões
estabelecidos, no que se referia a aspectos físicos (aparência), pensamentos e comportamentos. Foi
possível perceber como os papéis sociais dos membros da família foram sendo traçados a partir da
questão da infância; como a atuação de mulheres rebeldes mediante uma ideologia de vida que
lhes era imposta foram tomadas como as principais causas de seus internamentos, além das formas
que a sociedade utilizou para lidar com elas (o próprio internamento e os tratamentos corretivos
que lhes eram aplicados); e como os moradores dos mangues foram sendo associados às mais
diversas formas de psicopatias, que variavam do fato de viverem na marginalidade à crença em
cultos de origem africana e o uso do álcool. É dentro desta perspectiva de estudo, que estes aspectos
considerados inadequados e intoleráveis acabaram por se mostrar como a real vivencia da loucura (e
não apenas seus aspectos orgânicos), durante o Estado Novo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico