masterThesis
Desenvolvimento, mecanismo e reversão da resistência ao Temephos na linhagem Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) Recife-resistente (RecR)
Registro en:
Cibele de Souza Gomes, Tatiane; Flavia Junqueira Ayres, Constância. Desenvolvimento, mecanismo e reversão da resistência ao Temephos na linhagem Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) Recife-resistente (RecR). 2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.
Autor
Cibele de Souza Gomes, Tatiane
Institución
Resumen
Brasil, desde 1996, levou ao aparecimento de populações de mosquitos resistentes a
esse composto. Apesar disso, o produto continua sendo usado pelo governo, exceto
nos locais de detecção da resistência, onde foi substituído por larvicidas biológicos. O
conhecimento sobre a forma de desenvolvimento e reversão da resistência em campo,
bem como os mecanismos que modulam sua manifestação, pouco avançou nos
últimos anos, apesar destas informações serem necessárias para a elaboração de
esquemas seguros de manejo da resistência. Este trabalho se propôs a avaliar,
utilizando uma linhagem de A. aegypti resistente ao temephos, os mecanismos
responsáveis, ao menos em parte, por esta resistência, a possibilidade de respostas
cruzadas com outros inseticidas e a reversão à susceptibilidade a este composto, em
diferentes situações que simulam a realidade em campo. Assim, diferentes gerações
da linhagem de A. aegypti, Recife-Resistente, RecR (14ª e 17ª gerações) mantidas
sob forte pressão de seleção ao temephos, foram utilizadas. Como controle, utilizou-se
uma linhagem padrão de susceptibilidade, a Rockefeller. Ensaios in vivo com
concentrações múltiplas do temephos foram realizados para calcular a CL50 e CL90 e
definir a razão de resistência (RR) nas diferentes gerações da RecR. A
susceptibilidade da RecR a outros inseticidas, como o regulador de crescimento
pyriproxyfen e os adulticidas malathion (organofosforado), deltametrina e cipermetrina
(piretróides) foi verificada através de bioensaios dose-resposta (DR) e dosediagnóstica
(DD). Para estudos preliminares dos mecanismos que conferem
resistência, a atividade de enzimas associadas à detoxificação de inseticidas, como a
glutationa S-transferase (GST s), esterases (EST s) α e β e oxidases de função mista
(MFO s), também foi analisada na RecR. Para o estudo da reversão da resistência
foram estabelecidas três sublinhagens. Duas delas foram provenientes da 14ª geração
da RecR (RecRF14), sendo que uma foi mantida sem exposição ao temephos
(RecRev1) e a outra sem exposição e com introdução de 30% de indivíduos com baixa
resistência (RecRev2). A terceira sublinhagem, proveniente da 17ª geração da RecR
(RecRF17), além de não ter sido exposta contou com a introdução de 50% de
indivíduos susceptíveis-Rockefeller (RecRev3), a cada nova geração. Os resultados
demonstraram que a RecR, apesar de altamente resistente ao temephos, apresentou
resposta alterada ao pyriproxyfen e à cipermetrina e susceptibilidade à deltametrina e
ao malathion, o que revela a inexistência de resistência cruzada aos dois últimos
compostos. Todas as enzimas, em especial as GST s, mostraram atividade alterada
nas fases adulta e larvária da RecRF17, exceto as MFO s, portanto é possível sugerir
o envolvimento do mecanismo metabólico na resistência ao temephos. Quanto à
reversão da resistência, observou-se que cessada a pressão de exposição ao
temephos, após nove gerações consecutivas, houve uma redução na RR90 de 14
vezes (8,7) e 42 vezes (3,0) para RecRev1 e RecRev2, respectivamente. A RecRev3
recuperou a susceptibilidade ao composto na F3. Estes resultados demonstraram uma
queda drástica na RR nas três condições avaliadas, mas revelam que a resistência ao
composto não regride rapidamente diante da simples interrupção de seu uso, como
observado na RecRev1, que permaneceu com nível intermediário de resistência (RR=
8,7). Por outro lado, os esquemas que tentaram simular condições de campo relativas
à migração de indivíduos susceptíveis ou com baixa resistência mostraram-se mais
eficientes na recuperação da susceptibilidade, revelando o caráter instável desta
resistência. É possível sugerir, por fim, que a resistência ao composto é reversível e
que métodos baseados na liberação de machos susceptíveis possam representar mais
uma forma de manejar a resistência ao temephos em campo Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior