Orientador: Cecilia Guarnieri BatistaDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias MedicasResumo: O presente estudo procura descrever a apropriação de práticas sociais relativas à sexualidade, em aulas de orientação sexual para jovens adultos com diagnóstico de deficiência intelectual, que freqüentam instituição de educação especial. Participaram da pesquisa dois grupos de adolescentes e jovens adultos com idades entre dezessete e trinta e três anos, matriculados no Ensino Fundamental (modalidade jovens e adultos). Além do diagnóstico de deficiência intelectual, de acordo com o prontuário da instituição, os jovens adultos tinham outros quadros associados, tais como paralisia cerebral, surdez, baixa visão, hidrocefalia e/ou dificuldades de linguagem. Participaram do presente estudo nove alunos de cada turma. Foram videogravadas, transcritas e analisadas cinco aulas em cada turma, com os seguintes temas: turma A - Corpo humano, Beijo, Namoro, Coito, Camisinha/DST; e turma B ¿ Hábitos de higiene, Apelidos dos genitais, Beijo, Masturbação e Coito. A análise microgenética de episódios selecionados permitiu evidenciar: apropriação e compreensão de conceitos, dificuldades parciais de compreensão, explicitação de valores e atitudes relativas às práticas sociais, embaraço e inibição em relação ao tema. A análise mais geral das transcrições indicou que todos os alunos se mostraram atentos, executaram as tarefas propostas e responderam em conjunto às perguntas da pesquisadora e da professora. Além disso, alguns dos alunos participaram ativamente, estabelecendo diálogos com a professora e a pesquisadora responsáveis pelas aulas. Os alunos não formavam um grupo homogêneo em relação à apropriação de conceitos sobre sexualidade, com diferentes alunos apresentando diferentes níveis de compreensão. Podem ter contribuído para essa compreensão o planejamento das aulas embasado nas experiências pessoais dos alunos, bem como os recursos pedagógicos utilizados. Constatou-se que os alunos, mesmo tendo poucas experiências de participação em grupos sociais além da escola, se apropriaram de práticas sociais relativas à sexualidade, construídas histórica e coletivamente. Alguns dos indicadores disso foram certos sinais de embaraço e certos valores expressados, semelhantes aos veiculados em nossa sociedade. Entretanto, observou-se, também, uma não coincidência com esses valores, por parte de diferentes membros dos grupos de que eles participavam. As evidências obtidas contrastam com a concepção vigente sobre as incapacidades de jovens com deficiência intelectual e põem em relevo suas competências em relação à apropriação de práticas sociais relativas à sexualidadeAbstract: The present study describes the appropriation of social practices related to sexuality, in classes of sexual education for youngsters with diagnostic of intellectual deficiency, in a special education school. The participants were two groups of adolescents and youngsters between seventeen and thirty three years, enrolled in elementary school courses (devised for youngsters and adults). Besides the diagnostic of intellectual deficiency, according to the records of the institution, most of them had additional diagnoses, such as cerebral palsy, deafness, low vision, hydrocephaly or language difficulties. The analysis was focused on nine students of each group. Five classes were filmed, transcribed and analyzed, with the following themes: group A ¿ Human Body, Kiss, Flirt, Coitus, Condom/STDs; and group B ¿ Personal Hygiene, Genitals Nicknames, Kiss, Masturbation, and Coitus. The microgenetic analysis of selected episodes evidenced the following aspects: appropriation and understanding of concepts, partial difficulties in understanding, expression of values and attitudes related to social practices, embarrassment and inhibition related to the theme. The more general analysis of the transcripts indicated that all the students displayed sustained attention, participated in the proposed tasks and answered, as a group, to the questions of the researcher and the teacher. Moreover, some of the students were especially active, establishing dialogues with the teachers and the researcher that were responsible for the classes. The students did not compose a homogeneous group in terms of the appropriation of concepts about sexuality, and different students presented different levels of comprehension. It is suggested as factors that contributed to this comprehension the planning of the classes based on the personal experiences of the students, as well as the pedagogical resources that were used. Even the students that had a limited scope of experiences in participation in social groups displayed some kinds of appropriation of historically built social practices related to sexuality. Among the indicators of this appropriation were certain signs of inhibition and certain expression of values, very similar to those that are regularly present in our society. Otherwise, it was also observed a non-coincidence in those values, among the different persons with whom the youngsters interacted. The evidences are in contrast with the prevalent conception about the handicaps of youngsters with intellectual deficiency, and put in relief their competencies related to the appropriation of social practices about sexualityMestradoSaude da Criança e do AdolescenteMestre em Saude da Criança e do Adolescente