Tesis
Tudo na história do português
Tudo 'all' in the history of Portuguese
Registro en:
Autor
Trannin, Juliana Batista, 1980-
Institución
Resumen
Orientador: Charlotte Marie Chambelland Galves Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: O objetivo deste trabalho é estudar a sintaxe do quantificador tudo no português popular brasileiro (PB) e, de uma perspectiva diacrônica, investigar a origem da variação todo(s)/tudo. No quadro teórico da gramática gerativa, descrevo as propriedades sintáticas e semânticas do quantificador tudo em comparação com o quantificador universal todo(s). Os dados mostram que há duas gramáticas de tudo, que diferem quanto à propriedade de seleção do quantificador e sua relação com o associado nominal. Na gramática restritiva, tudo seleciona uma categoria vazia e é um adjunto do sintagma nominal. Na gramática radical, tudo seleciona o sintagma nominal lexical que modifica e pode flutuar; não há restrição quanto a sua posição no sintagma. A sintaxe de tudo no PB é semelhante no português afro-brasileiro (PAB), que também apresenta a variação entre os quantificadores. Em dialetos em que a morfologia é rica, tudo ocorre em poucos contextos do quantificador todo(s), em posição pós-nominal ou pós-verbal. Nesses casos, a sintaxe de tudo é semelhante à gramática restritiva do PB. Em outros dialetos do PAB, a morfologia é pobre e o uso de tudo é difundido, como na gramática radical do PB. A análise dos dados históricos aponta que as condições necessárias para o surgimento dessa variação já estavam presentes no português médio, período em que tudo aparecia com traço [+humano] e em construções com sintagmas nominais com determinante. As semelhanças entre as gramáticas do PB e do PAB sugerem que esse fenômeno tenha se desenvolvido pelo contato do português médio com as línguas africanas. A presença desse fenômeno nas variedades africanas do português e as semelhanças com o crioulo do Cabo Verde favorecem essa hipótese e corroboram com a ideia da existência de um continuum afro-brasileiro do português Abstract: The aim of this work is to study the syntax of the quantifier tudo `all¿ in popular Brazilian Portuguese (BP) and, in a diachronic view, to investigate the origin of the variation todo(s)/tudo. In the generative grammar perspective, I describe the syntactic and semantic properties of the quantifier tudo compared to the universal quantifier todo(s). The data show that there are two grammars related to tudo, which differ with respect to the selection property of the quantifier and about its relation with the associated nominal. In the Restrictive Grammar, tudo selects an empty category and functions as an adjunct to the nominal phrase. In the Radical Grammar, tudo selects a lexical nominal phrase and can float; there is no restriction about its placement in the phrase. The syntax of tudo in BP is similar to the one found in African-Brazilian Portuguese (ABP), which also shows variation between quantifiers. In dialects with richer morphology, tudo occurs in a few contexts of the universal quantifier todo(s), in postnominal or postverbal positions. In these cases, the syntax of tudo is the same as the BP Restrictive Grammar. In other ABP dialects, the morphology is poor and the use of tudo is widespread, as in the Radical Grammar of BP. The analysis of historical data indicates that the necessary conditions for the emergence of this variation have already existed in Middle Portuguese, period in which tudo could have a [+human] feature and occurred with full nominal phrases. The similarities between BP and ABP grammars suggest that this phenomenon developed by linguistic contact among Middle Portuguese and African languages. The presence of this phenomenon in African Portuguese and the similarities with Cape Verdean Creole reinforce this hypothesis and corroborate the existence of a continuum in Afro-Brazilian Portuguese Doutorado Linguistica Doutora em Linguística CAPES
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