Tesis
Rochas albitizadas e albititos relacionados a mineralizações de estanho da Província Estanífera de Goiás : caracterização petrológica e gênese
Fecha
2015-12-15Registro en:
SIRQUEIRA, Ana Rita Félix. Rochas albitizadas e albititos relacionados a mineralizações de estanho da Província Estanífera de Goiás: caracterização petrológica e gênese. 2014. xiv, 129 f., il. Dissertação (Mestrado em Geociências)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
Autor
Sirqueira, Ana Rita Félix
Institución
Resumen
Os albititos mineralizados em estanho localizados nos garimpos Pelotas e Boa Vista, pertencentes à Província Estanífera de Goiás (PEG), cortam monzogranitos e tonalitos pertencentes à Suíte Aurumina e xistos da Formação Ticunzal. Os albititos são constituídos por albita, quartzo, cassiterita, apatita, K-feldspato e muscovita primária. Texturalmente apresentam alinhamento de “ripas” de albita e textura snowball, interpretados como texturas típicas de albititos de origem magmática. Os tonalitos, monzogranitos e xistos foram divididos em fácies: biotita-muscovita tonalito, muscovita-biotita tonalito, biotita-muscovita monzogranito, muscovita-biotita monzogranito, granada-clorita-biotita-quartzo xisto e grafita-clorita xisto. Os albititos são metaluminosos a peraluminosos, enquanto os monzogranitos e tonalitos são fortemente peraluminosos. Os albititos são enriquecidos em Na2O, Al2O3 e P2O5, contêm teores moderados de CaO e são empobrecidos em K2O, TiO2, Fe2O3 e MgO. Com relação aos elementos-traço, são enriquecidos em Sn, Ta, Rb, Nb e Zr e empobrecidos em Sr, Ba e Th. São enriquecidos em elementos terras raras leves (ETRL) em relação aos elementos terras raras pesados (ETRP). As anomalias de Eu são ausentes ou muito discretas, levemente positivas. Os tonalitos e monzogranitos são enriquecidos em TiO2, Fe2O3, MgO, CaO e K2O e empobrecidos em Al2O3, Na2O, P2O5, SnO2, TaO2, Rb, Nb e Zr. Os padrões de ETRs para os granitos e tonalitos mostram que são enriquecidos em ETRL e empobrecidos em ETRP. As anomalias de Eu para os monzogranitos são muito discretas, podendo ser levemente positivas ou negativas. Os tonalitos apresentam pronunciada anomalia positiva de Eu. Análises em microssonda eletrônica permitiram classificar a biotita do muscovita-biotita tonalito e do muscovita-biotita monzogranito como siderofilita, com razão Fe/(Fe+Mg) entre 0,58 a 0,71 a.f.u. e conteúdo de AlIV entre 2,1 a 3,3 a.f.u.. Composicionalmente, classifica-se como biotita de granitos peraluminosos. A muscovita dos albititos é mais enriquecida em Na2O e SiO2 e empobrecida em MgO, Fe2O3, Al2O3 e TiO2, e a muscovita da fácies biotita-muscovita tonalito é enriquecida em MgO, Fe2O3, Al2O3 e TiO2 e empobrecida em Na2O e SiO2. Os valores de TiO2 da muscovita secundária é sempre inferior a 0,5%. Entretanto, a muscovita primária possui teores variáveis de TiO2, desde quase nulos a 1%. A cassiterita é euedral a subedral, maclada, zonada e com forte pleocroísmo, com composições muito puras, com o Sn substituído principalmente por Nb e Ta. O plagioclásio apresenta composição de albita-oligoclásio (Ab77-99An22-1Or1) nos monzogranitos e de albita (Ab90-99An10-0,6Or0,4) nos tonalitos e albititos. A apatita é classificada como fluorapatita e é interpretada como sendo ígnea. Dados de isótopos de oxigênio em pares de albita e cassiterita mostraram que os albititos foram cristalizados em temperatura que varia de 653 a 1016ºC. As composições isotópicas do fluido calculadas para os albititos, 9,17 a 9,35‰ para o albitito do garimpo Pelotas e 8,66 a 9,72‰ para o albitito do garimpo Boa Vista, sugerem fluido de origem magmática. Valores de 40Ar/39Ar em muscovita dos albititos do garimpo Boa Vista resultaram em idade-platô de 1996,55±12,96 Ma, interpretada como idade da cristalização da muscovita. Esses dados geocronológicos permitem propor que os albititos da área foram formados durante o Paleoproterozóico, sendo correlacionados às fases tardias do magmatismo da Suíte Aurumina (2,12-2,17 Ga – U-Pb em zircão). Os dados mineralógicos, geoquímicos, de química mineral e isotópicos obtidos permitiram classificar as mineralizações de Sn hospedadas em albititos dos garimpos Pelotas e Boa Vista como magmáticas, associadas a um sistema granítico peraluminosos rico em boro, do tipo LCT. Os dados aqui apresentados permitem concluir que os albititos estudados são de origem magmática, tendo sido formados por cristalização de um magma altamente sódico, sendo que esse magma muito evoluído passou por vários processos de cristalização fracionada. Os tonalitos e monzogranitos mostraram-se também relativamente ricos em Na2O, o que é evidenciado pela química do plagioclásio. Essa composição pode estar ligada ao baixo grau de fusão de rochas metassedimentares que deram origem a essas rochas. A ordem de cristalização sugerida para as rochas estudadas é monzogranito-tonalito-albitito. Os resultados obtidos no presente trabalho demonstram que, além de conter mineralização de estanho hidrotermal, hospedada em greisens e geneticamente associada ao magmatismo granítico intraplaca de aproximadamente 1,7 Ga, a Província Estanífera de Goiás possui concentrações econômicas de estanho magmáticas, hospedadas em albitito ígneo e formadas por cristalização fracionada de granitos peraluminosos da Suíte Aurumina, de aproximadamente 2,0Ga. Esses resultados, portanto, ampliam as possibilidades de fonte de estanho na Província Estanífera de Goiás e têm implicações para o potencial econômico da Província. Estudos experimentais ou petrológicos adicionais devem ser realizados para avaliar a existência de relação genética entre o magmatismo intraplaca e o magmatismo sincolisional e, por conseguinte, entre a concentração hidrotermal e a magmática de estanho na Província Estanífera de Goiás. Sugerem-se, ainda, estudos para verificar o papel dos xistos da Formação Ticunzal na gênese dos granitos peraluminosos e na fonte de estanho na Província Estanífera de Goiás.