Tesis
Características da dor neuropática em pessoas com lesão medular traumática
Fecha
2015-12-04Registro en:
SILVA, Viviana Gonçalves. Características da dor neuropática em pessoas com lesão medular traumática. 2015. 150 f., il. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Silva, Viviana Gonçalves
Institución
Resumen
Introdução: A lesão medular traumática é uma alteração nas estruturas do canal medular, podendo ocasionar modificações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. É geralmente decorrente de acidentes de trânsito, mergulhos, quedas e arma de fogo. A dor crônica é um dos maiores problemas nas pessoas com lesão medular, sendo a dor neuropática a mais frequente. Os mecanismos de desenvolvimento da dor neuropática são pouco compreendidos, sendo seu manejo considerado difícil. Objetivo: Conhecer as características da dor neuropática em pessoas com lesão medular traumática. Método: Foram realizados dois estudos: um preliminar tipo série de casos, em um hospital de referência em reabilitação com pessoas com lesão medular traumática e dor neuropática; e um segundo estudo, descritivo-comparativo, por aplicação de questionário on-line, com pessoas com lesão medular traumática, independente de terem ou não a dor neuropática. Foram selecionadas 13 pessoas para a série de casos e 124 pessoas para o estudo descritivo-comparativo. O instrumento de coleta de dados do estudo descritivo-comparativo teve como base o do estudo série de casos que utilizou o Questionário DN4 (Douleur Neuropatique en 4 questions) e o Inventário Breve da Dor, acrescidos de dados sociodemográficos. Para a análise dos dados foram utilizados o programa SPSS 18.0 associado a outros métodos estatísticos. Resultados: Na série de casos, todos os pacientes tinham dor neuropática; no inquérito on line, a dor neuropática foi encontrada em 62,1% dos participantes. Em ambos estudos, a maioria foi de homens, com idade entre 26 a 40 anos, solteiros, praticantes de alguma religião, aposentados, ensino médio completo, renda entre R$ 1.001,00 e R$ 3.000,00, índice de massa corporal ideal, com lesão medular incompleta por acidente de carro. Os dois estudos indicaram que o clima frio, permanecer muito tempo na mesma posição e as infecções urinárias influenciaram mais no aumento da dor. A atividade física ou fisioterapia e as atividades de lazer tiveram maior influência na diminuição da dor. O tratamento medicamentoso com o uso de anticonvulsivantes e antidepressivos foi predominante. A pouca efetividade foi o principal motivo para o abandono deste tratamento. A dor neuropática interferiu mais na atividade geral, no sono e no humor. Houve diferença com relevância estatística nas comparações: Os residentes da região Centro-Oeste apresentaram intensidade da dor maior em relação aos da região Nordeste. Houve relação positiva entre o sobrepeso e a intensidade da dor. A intensidade forte da dor foi maior nos grupos com dor mista que naqueles com dor no nível da lesão e acima da lesão medular. A descrição formigamento apresentou relação positiva para a dor mista e dor abaixo do nível da lesão. A dor foi considerada mais intensa pelas pessoas que apresentaram a de tipo intermitente, em queimação e cortante. Quem usa dipirona classificou a dor como menos intensa. Quem utiliza a Gabapentina e Baclofeno classificou a dor como mais intensa. A interferência da dor foi considerada menor na variável ‘relacionamento com outras pessoas’ em relação às outras variáveis. Conclusões: A dor neuropática associada à lesão medular traumática foi relatada pela maioria dos participantes. Foi identificada como de difícil controle com interferência em atividades diversas na vida destas pessoas. Os resultados indicam a complexidade da dor neuropática em pessoas com lesão medular traumática evidenciando a importância de se conhecer os aspectos dessa dor nessa clientela.