masterThesis
Adoção tardia : produção de sentido acerca da maternagem, paternagem e filiação
Registro en:
de Souza e Silva Dantas, Fabiana; Patricia Ataíde Ferreira, Sandra. Adoção tardia : produção de sentido acerca da maternagem, paternagem e filiação. 2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.
Autor
de Souza e Silva Dantas, Fabiana
Institución
Resumen
Esta pesquisa teve por objetivo investigar a produção de sentidos entre pais e filhos
adotivos sobre a maternagem, paternagem e filiação, com ênfase no estudo da
linguagem na perspectiva Sócio-Histórica de Vygotsky e Enunciativo-Discursiva.
Participaram deste estudo três famílias, tendo cada uma delas uma configuração familiar
diferente (monoparental, biparental e homoafetiva), cujos filhos adotados tardiamente
pertenciam à faixa etária de 5 a 10 anos. O método de estudo foi baseado em entrevistas
videografadas que se subdividiram em três momentos: Primeiros os pais realizaram a
leitura do livro Bebê do Coração para os filhos, em seguida pais e filhos conversaram
sobre o texto lido e, por último, contaram a história da adoção vivenciada por eles. A
análise dos discursos produzidos se baseou na busca dos núcleos de significação
proposta por Aguiar, em que os conteúdos semelhantes, complementares e
contraditórios dos discursos são articulados entre si permitindo uma análise mais
consistente dos sentidos e significados. A partir da entrevista realizada com a família
monoparental foi observado que o luto não elaborado pela morte da mãe biológica da
criança adotiva desempenhou um papel marcante para produção de sentidos, pois os
envolvidos na prática adotiva desempenham a maternagem e filiação cumprindo os
papéis relacionados ao ser mãe e filho, mas não se posicionam enquanto tal. Os lutos
não feitos durante a adoção dificultam o processo de tornar-se mãe e filho, bem como,
uma maior atualização dos sentidos acerca deste tipo de parentalidade. Em relação aos
sentidos produzidos pela família homoafetiva, a paternagem para estes pais adotivos, é
assumir o papel e o posicionamento de pai dentro de casa, mas sempre que necessário
eles assumem o papel de mãe. Os papéis de pai e mãe são percebidos como sendo
complementares e importantes para resguardar o desenvolvimento físico e afetivo dos
filhos. Por outro lado, o sentido de filiação produzido pelas crianças adotadas por este
casal homoafetivo é de que ser adotivo significa ser escolhido e amado. E finalmente, os
sentidos produzidos pela família biparental demonstraram que a maternagem é orientada
pela falta de um referencial biológico da criança adotiva em relação aos seus genitores,
o que constitui um obstáculo para compreensão das dificuldades apresentadas por esta
criança. A prática da maternagem é significada como sendo mais intensa em relação à
paternagem, no sentido de que a mãe participa ativamente da educação dos filhos
enquanto a paternagem é praticada tendo em vista as funções de provedor do sustento
familiar e promoção de atividades de lazer para a família. Ser filho adotivo significa ter
sido rejeitado no passado pelos pais biológicos, fato este que é difícil de ser lembrado e
falado. De modo geral, o tipo de configuração familiar (monoparental, biparental e
homoafetiva) orienta os sentidos produzidos acerca da maternagem, paternagem e
filiação adotiva, interferindo nos processos de subjetivação dos envolvidos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico