dc.creatorPereira, Maria Luiza Medeiros
dc.date2001
dc.date2002-08-04T00:00:00Z
dc.date2017-03-27T13:18:22Z
dc.date2017-07-04T14:45:01Z
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dc.date.accessioned2018-03-29T03:03:55Z
dc.date.available2018-03-29T03:03:55Z
dc.identifier(Broch.)
dc.identifierPEREIRA, Maria Luiza Medeiros. Das aparas do tempo as horas cheias: uma leitura das memorias de Pedro Nava. 2001. 339p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000239220>. Acesso em: 27 mar. 2017.
dc.identifierhttp://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/269992
dc.identifier.urihttp://repositorioslatinoamericanos.uchile.cl/handle/2250/1325571
dc.descriptionOrientador: Francisco Foot Hardman
dc.descriptionTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
dc.descriptionResumo: Sem resumo impresso na obra. Informação Previa da obra: Pode-se dizer que o presente trabalho é uma continuação da minha dissertação de mestrado, deferida no Departamento de Teoria Literária da UNICAMP, em 1993, sob orientação do Prof. Dr. Francisco Foot Hardman. Nele investiguei as origens do gênero para tentar mostrar o quanto as Memórias escapavam de suas amarras. De fato, sempre permaneceu a inconveniência deste texto híbrido, que não deixava etiquetar. Muito me ajudou, já no doutorado, alguns livros que o Foot me trouxe de uma de suas viagens à Europa. Discutia-se, num deles, a persistência de certos lugares - comuns da autobiografia na prosa autobiográfica contemporânea. Ora, a permanência deles não significava que tivessem mantido as antigas estruturas às quais vinculavam. Então, a questão ficou interessante, pois a utilização de fórmulas estabelecidas para exprimir experiências, a princípio compreendidas como flagramente individuais, acabava jogando água no moinho da minha percepção das Memórias como um texto propositalmente ambíguo. Fórmulas que não passavam de um modo a mais do "eu" se esconder do que se exibir e, ao mesmo tempo, um lugar de entrecruzamentos de experiências eminantemente literárias, além de pessoais e coletivas. A análise da utilização de tais fórmulas fez surgir certos estranhamentos, seja em relação à tendência do leitor de autobiografia de identificar o autor, o narrador e o protagonista sem fazer as mediações necessárias, seja na operação direta entre o que é narrado e a verdade, também uma demanda que pesa em relação ao gênero autobiográfico. Em relação à primeira situação, as narrativas abrem espaço para a identificação do "eu" com várias outras personagens, independente do tempo e do espaço, projetando a questão da identidade para outros níveis e, conseqüentemente, problematizando a identificação direta de Nava com o narrador, com a personagem principal, que também tem o seu nome, assim como os alter - egos. E, quanto à segunda, a inserção flagrante da ficção, retira o peso correntemente dado ao "fato" e transfere a sua percepção para um questionamento em relação aos modos de representação da verdade em que pese a incorporação simultânea de varias perspectivas. Neste estudo sobre as Memórias de Pedro Nava, procuro investigar o modo como elas são construídas. Mais precisamente, como se articulam os seguintes registros: os lugares - comuns da prosa autobiográfica, que inscrevem o texto num determinado "gênero" ao mesmo tempo em que induzem expectativas precisas no leitor em relação ao que lê; elementos da história de vida de Nava; elementos da história de vida de outras pessoas; os registros das mais variadas fontes sujeitas a "verificações" fora do texto; tais como: documentos cartoriais, mapas, trabalhos científicos, atestado de óbito, livros de registros e, por fim, vários ingredientes trazidos do ouvi - dizer, da literatura, da pintura, cinema, fotografia, propaganda, folclore. Trata-se de um trabalho que discute os limites dessa "nova autobiografia" contemporânea, herdeira das transformações formais das artes no século XX, da psicanálise e do experimentalismo na literatura, até o desaparecimento da voz narrativa e da focalização, atingindo em cheio a (re)composição da identidade. No capítulo 1 faço um sobrevôo sobre os lugares -comuns da autobiografia e um resumo dos seis livros de memórias de Nava, para mostrar como os elementos fora do texto orientam a leitura das Memórias. Depois abordo o tratamento dado a uma das imagens - chaves da autobiografia pós - romântica, a "cena da memória involuntária". No capítulo 2 analiso um outro momento não menos importante na autobiografia: o modo de iniciá-la. Em seguida, mostro como o ritmo da fase transforma-se num forte aliado do narrador no sentido de convencer o leitor a respeito da veracidade do relato que faz de si mesmo baseado em outro lugar - comum, a genealogia. O auto - retrato, entretanto, mostra-se, ao mesmo tempo, incompleto e contraditório, mas a favor da herança cultural humanista ameaçada pela cultura de massas. No capítulo 3 discuto duas questões centrais e amalgamadas nas Memórias: a velhice e a espera da morte. Situação que remete ao trabalho da escrita outro lugar - comum da prosa autobiográfica: o desejo de dizer tudo, desde as mais fragmentárias e fugazes lembranças à confissão do esquecimento. Favorecendo-se das teses sobre a recuperação das lembranças da infância em Freud, o narrador encena a sua luta contra as dificuldades de apreender as tênues lembranças do passado e confessa os tropeços da empreitada. Ambas são estratégias de convencimento, funcionando como "provas de veracidade" discursiva. E, ao mesmo tempo, se encontram na base da teoria de rememoração elaborada pelo velho narrador das Memórias. É por meio de tais estratégias que vai justificando, paulatinamente, os recorrentes recursos à ficção. Neste capítulo ainda mostro como ousar dizer tudo significa para o "eu" expor-se como outro(s), justamente para dar conta da passagem do tempo e da impossibilidade do sujeito de reconhecer-se o mesmo desde o seu nascimento até a sua velhice; além da impossibilidade de falar de sua própria morte. A questão da identidade pessoal é transportada para a esfera narrativa. Aqui essa questão é abordada a partir de uma das características mais marcantes de José Egon Barros da Cunha, um dos alter - egos de Pedro Nava, sua vida sexual. Não podemos nos iludir, tanto Pedro Nava quanto Egon são personagens das Memórias. Ademais, essa exposição (indireta) do "eu" está baseada elementos recorrentes na literatura erótica, que, por sua vez, nas Memórias, aliam-se ao conhecimento da anatomia humana que o autor empresta às personagens e ao narrador. No capítulo 4 discuto como ousar dizer tudo significa também a exposição mais crua do retrato do velho, a confissão do desespero da solidão e a opção pela fuga declarada do presente por meio da escrita. Um dos modos indiretos de exposição do "eu" é abordado através de um outro lugar - comum, só que este relativo ao elogio médico. Os elementos dessa forma retórica são encontrados tanto nos retratos dos professores de Medicina, quanto na prosa intimista, o auto - retrato esboçado em "Negro", em Galo - das - Trevas. As personagens se apresentam como alimento e patrimônio para as gerações seguintes; ou seja, as ações modelares dos professores foram incorporadas e prepararam Egon/Nava para a vida. A escrita vai espelhar o outro lado desse procedimento. Do mesmo modo que ensinamentos médicos teriam conduzido a personagem para a ação, as personagens de Rosa e tio Salles (presentes nos primeiros volumes das Memórias) representariam o método de contar histórias do narrador das Memórias, pois "ensinam" a mesclar ficção e história. É o que se vê nas narrativas das Memórias, ou seja, o embaralhamento dos acontecimentos do cotidiano com elementos emprestados da literatura e da pintura, a busca de adequação entre o mundo da personagem e a história. Sob esse aspecto, foi muito interessante ter tido acesso às cartas de Nava a Mário de Andrade, no IEB. Apesar de ser uma correspondência minguada, nota-se desde cedo, no jovem Nava, que a percepção da realidade, em especial a vida humana, estava mediada pelas artes visuais e pela literatura. A estratégia de embaralhar elementos heterogêneos está baseada na concepção da escrita como montagem, usando aqui os conceitos de Nava: dar ao "esqueleto" um "corpo". O primeiro refere-se ao projeto pré - determinado do escritor consigo mesmo, antes da escrita, na coleção heterogênea de materiais e o segundo, ao processo de seleção, organização, releitura do material e da escrita. Em ambos momentos se misturam elementos pessoais e coletivos e têm como premissa a metáfora da digestão, na qual a leitura desempenha um papel preponderante na escrita. Para quem escreve, seguindo a metáfora, há um determinado momento em que desaparecem os limites que separam o lido daquilo que foi escrito. Entre essas duas operações, o leitor, agora escritor, assimilou e esqueceu, "apropriando-se" e, conseqüentemente, produzindo algo "novo": "esquecendo para lembrar", dirá Nava. Ora, essa estratégia cria no mínimo, duas tensões: a primeira, diz respeito à posição do autor na prosa autobiográfica, na medida em que ele deixa de ser a instância última e explicativa do que produz; a segunda, refere-se ao tratamento dado a acontecimentos que escapam da ordem "pessoal" e atingem mais pessoas, como um conflito, uma guerra, uma revolução. São estas duas últimas questões abordadas na parte final deste último capítulo. No final, em Anexos, achei interessante incluir a reprodução de caricaturas relativas às personagens da pensão Moss, pois me refiro a elas no meio do capítulo 4 (o método: conversa a três). Ela foi retirada de um artigo de Flora Süssekind, publicado na Folha de São Paulo, Folhetim, de 5 de fevereiro de 1988, que atualmente se encontra publicado em Papéis Colados. Nessa mesma seção há uma reprodução das primeiras páginas de um artigo de Nava sobre a "mão reumática", que nos ajuda a perceber o grau de interferência entre a especialidade profissional, a técnica do pintor e do caricaturista e o trabalho da escrita nas Memórias, em especial, na atenção para as formas, as cores, as sali6encias e os detalhes de uma das partes do corpo humano. Há também a reprodução de uma foto de Flávio de Barros, fotógrafo militar que escreve na Campanha de Canudos. Nava se refere a ela numa das cartas a Mário de Andrade (e que se encontram no IEB - USP), salientando o interesse de fazer a estilização de duas de suas "figuras". Inclui também a reprodução de um auto - retrato de Leonardo da Vinci já sexagenário, retirado de Os Escritos de Leonardo da Vinci sobre a arte da pintura, organizado, traduzido e comentado por Eduardo Carreira. O olhar de tristeza desse auto - retrato traduz o do velho narrador das Memórias. Por fim, há uma reprodução de algum, as páginas de O Círio Perfeito, que abordo na última seção do capítulo 4, quando comento o tratamento dado por Nava a um dos momentos de sua história recente, a Revolução de 1930.
dc.descriptionAbstract: Not informed.
dc.descriptionDoutorado
dc.descriptionLiteratura e Outras Produções Culturais
dc.descriptionDoutor em Teoria e Historia Literaria
dc.format339p.
dc.formatapplication/pdf
dc.languagePortuguês
dc.publisher[s.n.]
dc.subjectNava, Pedro, 1903-1984 - Crítica e interpretação
dc.subjectAutobiografia
dc.subjectNarrativa (Retórica)
dc.subjectLiteratura brasileira - História e crítica
dc.titleDas aparas do tempo as horas cheias : uma leitura das memorias de Pedro Nava
dc.typeTesis


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